Opinião

Os primeiros sinais da crise política

Pela primeira vez, desde há uns anos atrás, sinto o Governo da nação muito preocupado com o endividamento excessivo, querendo poupar no aumento de comparticipações sociais e no alargamento das moratórias dos créditos dos particulares à banca.

O PS, atualmente, vota sozinho contra toda a oposição no parlamento e condicionando o Presidente da República a não promulgar as leis dele emanadas, alegando serem inconstitucionais, por causa da lei-travão.

Juro que não percebo como há dinheiro para a TAP, para a Groundforce, para o Novo Banco, e não existe para os infelizes que deixaram de trabalhar por causa das proibições aplicadas pelo próprio Governo para conter a pandemia.

Um Governo minoritário, como o atual, não pode (nem deve) recusar-se a negociar com nenhum outro parceiro no Parlamento, pois deve garantir que pelo menos um deles não vote contra, caso contrário não se aguenta no poder muito tempo, a não ser que pretenda mesmo sair do executivo.

Sou da opinião que o atual Governo está a preparar-se para iniciar uma crise política mal acabe a Presidência Portuguesa da União Europeia, pois essa será a altura certa para se queixar que o não lhes foi permitido governar, aproveitando para se vitimizar e provocar eleições legislativas que poderão coincidir com as autárquicas, tendo em vista conquistar a maioria absoluta que tanto almeja e, concomitantemente ganhar as autárquicas.

O segundo semestre, em minha opinião, vai ser duro. A Bazuka está atrasada e, se vier há previsões que esse facto faça galopar a inflação, entretanto caem as moratórias que mistificam a verdadeira dimensão da crise, o que pode significar que o atual executivo espera ter um segundo semestre dramático, com uma crise económica, financeira, social e política.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva