Opinião

A necessidade de testar para combater eficazmente a Covid

O governo decidiu não testar, belíssima ideia, nem o Trump faria melhor.

Já tinha reparado que o “drive in” no Hospital das Forças Armadas que, durante o último mês tinha tido longas filas para testagem contra o Covid, tinha deixado subitamente de ter carros na corrente semana.

Embora tenha estranhado o facto, percebi hoje, depois de ouvir uma declaração da Ministra da Saúde, que esta diminuição na testagem, tinha sido determinada pelo Governo.

A não testagem vai contra todas as indicações dos especialistas da OMS, que afirmam sempre que a testagem é fundamental, pois sem ela, não se pode determinar o índice da transmissibilidade, designado por fator R, nem saber quais as novas estirpes que chegam a Portugal.

Em qualquer plano de desconfinamento que se venha a fazer, o índice de transmissibilidade tem que ser constantemente monitorizado, para se saber se se podem desconfinar mais áreas de atividade ou se pelo contrário tem que se regredir no desconfinamento.

Não testar é meter a cabeça na areia, como faz a avestruz para não ver, ou seja, é não querer saber a realidade e rezar para que aconteça um milagre. Parece que não aprendemos nada com a segunda e a terceira vaga da pandemia que foram realmente trágicas, por falta de planeamento.

Embora constate “in loco“, no Hospital das Forças Armadas que, não há tanta pressão no serviço, bem como que haja um menor número de mortes diárias, porque dos dois contentores frigoríficos alugados para morgue, já só resta um, sei que podemos ter a quarta vaga senão houver testagem.

Testar massivamente contra o Covid, funciona como uma rede de pesca do arrasto, pois ao lançarmos um desses aparelhos no mar, com a mesma dimensão num determinado local, este pode trazer ao fim dum determinado período de tempo, mais ou menos peixes, à semelhança
desta imagem, no caso da Covid se fizermos a título de exemplo 40 000 testes diários aleatórios a uma determinada população, durante um determinado período de tempo, podemos observar no final se o resultado percentual dos testes positivos é maior ou menor, o que fornece aos matemáticos um dado essencial para monitorizar a curva da exponencial
pandémica e, consequentemente, fazerem previsões acertadas que não se limitam a achamentos ou opiniões.

Não testar é um risco e um erro-crasso, que se pagará, infelizmente, muito caro no futuro.

Enfim, Portugal no seu melhor.

Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva

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