Geral Opinião

A atual turbulência do Iraque

O Iraque, um país problemático desde a sua gênese, extemporaneamente decidida por Churchill, no Cairo, aquando este era o Ministro Britânico, encarregue pela administração desses territórios, confiados ao Reino Unido após a queda do Império Otomano, pela então Sociedade das Nações, pois possui cerca de 180 tribos, e um território dividido por Curdos, Sunitas e Xiitas, cujas fronteiras estão razoavelmente bem demarcadas no terreno.

Depois da retirada dos americanos, o Iraque tem conseguido gerir mais ou menos as tensões tribais e religiosas do país, embora por vezes este caldeirão em ebulição esteja prestes a explodir.

A guerra civil que existiu no sul Xiita, entre os apoiantes dos líderes religiosos Ali al-Sistani, que posteriormente apoiou a invasão americana e a sua influência direta e indireta na governação do país, e o Muqtada al-Sadr, está longe de estar completamente resolvida, sendo atualmente um conflito permanentemente latente.

O partido de Muqtada al-Sadr nas últimas eleições obteve a maioria dos lugares da Câmara dos Representantes, o Parlamento Iraquiano, no entanto, os outros partidos Xiitas, conseguiram fazer uma coligação, uma plataforma maioritária, que se diz ser apoiada pelo Irão, que por essa razão nomeou o chefe do governo.

Muqtada al-Sadr, a semana passada, com os seis apoiantes invadiu a zona verde de Bagdad e o Conselho dos Representantes, tendo feito tremer a difícil democracia parlamentar, em que as tribos têm partidos, os chefes religiosos confundem-se com chefes tribais, e têm tribos que lhes são fieis, e em que cada tribo tem uma milícia.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma