Geral Opinião

Respeito é o que exigem, e bem, os professores

Foto: TSF

O 25 de abril ocorreu há cerca de cinquenta anos, e o regime implantado em Portugal foi mudando paulatinamente todos os paradigmas sociais em que o anterior regime assentava, sem conseguir contudo mudar o país e torná-lo competitivo, moderno, eficiente, capaz de ombrear com os países mais desenvolvidos, essencialmente por falta de visão estratégica e desadequadas políticas públicas, que malgrado os fundos de coesão para efetuar essa transição, já nos levaram vezes demais à banca-rota.

No país do anterior regime todos queriam ser funcionários da administração pública, pagava-se mal, mas era certo, os licenciados, poucos é certo, eram os eleitos para preencher os quadros da Administração pública, juízes, notários, conservadores, médicos, militares, enfim, eram quem detinha o poder e o poderzinho, e eram respeitados, pois as suas carreiras tinham reconhecimento público, respeito e admiração do povo respeitador, pobre e inculto, que senão se sujeitasse à miséria, em que normalmente vivia, tinha que emigrar, nas mesmas, ou em piores condições que os novos imigrantes que vêm trabalhar hoje para Portugal.

Atualmente ser funcionário do Estado, continua a ser uma miséria dourada, continua a ser um ordenado certo, mas muito pouco valorizado, e são profissões mal-vistas pela população e pelos governos que, embora deles precisem os tratam mal, com sobranceria, com falta de respeito, ou seja, os funcionários da administração pública são desrespeitados e vistos normalmente como um fardo pelos governantes, e são concomitantemente mal vistos e quistos, pela população que os acusa de ineficiência, de parasitismo, culpa que normalmente lhes é alheia, pois eles são normalmente a face visível da ineficiência do Estado.

Quando vejo os professores exigindo respeito, dignidade e valorização das carreiras, revejo-me neles, bem como se todos os recém funcionários do Estado, porque este não tem criado condições dignas para os seus servidores, nem tem estabelecido políticas públicas capazes de o tornarem eficiente, eficaz, moderno por forma a ajudar na transformação necessária do tecido económico deste país.

Haja respeito!

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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