Opinião

Os extremismos anacrónicos

Nunca se falou tanto do período anterior ao 25 de Abril, como nestas últimas semanas que, tiveram início com o falecimento do Tenente Coronel Marcelino da Mata, seguida de declarações infelizes e racistas por parte de Mamadou Ba contra a atuação do falecido, considerando-o traidor ao seu povo e criminoso de guerra, entre outros epítetos.

Estes dois acontecimentos fizeram renascer o que há de pior na nossa sociedade, e que paradoxalmente se dividiu em duas fações, mais ou menos opostas com convicções contraditórias e extremadas.

Ressurgiu o ódio entre portugueses, uns a vangloriar a nossa epopeia marítima, os nossos heróis, incluindo a política do antigo regime, e muito em especial, a relativa à guerra ultramarina, outros querendo julgar essa epopeia histórica e condenar a guerra ultramarina, à luz dos atuais conhecimentos.

Os mais extremistas dum dos lados, pareciam saudosos do antigo regime, derrubado em Abril, havendo entre eles, paradoxalmente, alguns que o concretizaram na prática, tendo participado ativamente no golpe militar.

Os mais extremistas do lado oposto, manifestaram-se apoiando as teses contrárias, apoiando a opinião do Mamadou Ba, que condena toda a história de Portugal e os seus heróis, opinião corroborada por Fernando Rosas e por um deputado do PS, de seu nome Ascenso Simões que,
escreveu, entre outras ignomínias, que deveria ter havido sangue, mortos e feridos no 25 de Abril, e pasme-se, que se deveria derrubar o padrão dos descobrimentos.

Os extremistas saudosistas do antigo regime, consideram o atual regime corrupto e sem remissão, os outros entrincheiram-se nos ideais do PREC.

Tendo o autor destas linhas nascido em 1962, sendo um jovem imberbe no 25 de Abril, que cresceu em democracia, fico abismado com este extremismo anacrónico de ambos os lados.

É por tudo isto que não evoluímos.

Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva

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