Opinião

Moçambique país irmão

Foto: Lusa

Consta nos mentideiros políticos do antigo regime que, quando foi descoberto petróleo em Angola, Salazar terá dito que só lhe faltava isso, pois a descoberta de hidrocarbonetos e de gás natural, é algo de tal forma cobiçado externamente que, não amiúdes vezes é gerador de violência, crises e eventualmente guerras, sendo provavelmente uma das razões pela qual o Médio-Oriente tem sido palco de vário conflitos e guerras nas últimas décadas.

O terrorismo no Norte de Moçambique, surgiu inesperadamente há cerca de três anos, provavelmente uma consequência de na região ter sido descoberta uma das maiores reservas de gás natural do mundo.

O Norte de Moçambique e suas populações, estão a ser, alegadamente, atacadas por grupos terroristas fundamentalistas islâmicos armados que dizem pertencer ou serem simpatizantes do Estado Islâmico, DAESH, que com bases na Tanzânia têm conseguido afugentar populações, matando centenas de inocentes, com indiscritíveis requintes de sadismo.

As autoridades moçambicanas para combater eficazmente a ameaça terrorista vão ter, em minha opinião, de reconhecer a sua impotência para resolver sozinhas o problema, muito embora tenham já recorrido à utilização de mercenários Sul Africanos e solicitarem apoio externo, dado que os terroristas estão avançando para Sul, tendo inclusive, na semana passada, conseguido controlar a vila de Palma, perto do local da exploração de gás natural,
atualmente explorada pela empresa francesa Total, provocando o pânico e a fuga da sua população e de alguns trabalhadores expatriados da referida exploração para a capital da província de Cabo Delgado, a cidade de Pemba.

As Forças Armadas Moçambicanas atualmente são reduzidas e deficientemente armadas, malgrado, nas últimas décadas, terem vindo a ser apoiadas pela nossa Cooperação Militar Portuguesa, muito em especial na área da formação de Quadros Permanentes, em Portugal e “in loco“, na formação de forças especiais, de que destaco a excelente formação de tropas comandos em Nacala, para além doutros projetos importantes para a organização interna das mesmas, pelo que me parece natural que, mais tarde ou mais cedo, venham a aceitar a nossa
oferta em contribuir para a luta de contraguerrilha, contra os terroristas Islâmicos, com a nossa Força de Reação Imediata.

Tenho informações fidedignas que, os EUA já colocaram Forças de Operações Especiais no terreno, e em minha opinião, outros estados estão ou estarão provavelmente a posicionar-se no terreno, nomeadamente os franceses para defenderem os seus interesses da Total.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva