Opinião

Na Semana Santa é imperativo olhar para os nossos irmãos migrantes

Começa a época em que as águas do Mediterrâneo começam a ficar mais calmas, e o êxodo de migrantes rumo à União Europeia, recomeça a adquirir gradualmente maiores dimensões. A UE deixou passar mais um ano, e o assunto relativo às migrações não parece ter avançado nada, não havendo qualquer tipo de solução para o problema, estando atualmente, há cerca de um ano, a ser discutido um documento sobre a quem cabe o repatriamento destes infelizes migrantes, que são tratados como filhos de um qualquer, Deus menor.

Criticámos Trump, hipocritamente, pela sua atuação na fronteira do México, sem pensar no que fizemos ou deixámos de fazer contra esta população de migrantes económicos que ruma às nossas fronteiras externas.

Parece estarmos satisfeitos com a deplorável situação em que vivem estes migrantes, após pisarem território da União Europeia, onde os confinam em autênticos campos de Prisioneiros, tipo Auswitz, sem data à vista de libertação, tendo em vista serem integrados na Europa, ou serem repatriados, de volta às suas origens.

Os migrantes em solo europeu estão a viver num autêntico limbo, sem quaisquer respeito pelos seus direitos como seres humanos, sem esperanças de dele saírem, o que me parece uma situação insustentável do ponto de vista humanitário, pois estes homens não cometeram nenhum delito, nem são perigosos terroristas, tendo o seu delito simplesmente sido o facto de terem sonhado com uma vida melhor.

O problema é de difícil solução, mas não é impossível, assim haja vontade política de o resolver, não enterrando a cabeça na areia como a avestruz, como até aqui a Europa tem feito.

Neste início de Semana Santa para os Cristãos, penso que este tema é um dos mais importantes, que devem ser merecedores da nossa reflexão, e sobretudo, da nossa ação junto dos nossos governos, pressionando-os a resolver o problema.

A não solução do problema, ou o seu adiamento, poderá tornar-se uma ameaça em termos de segurança europeia, pois a revolta e a angústia desta gente, poderá tornar-se um terreno fértil para o recrutamento de novos terroristas, entre aqueles que o não eram, pois o desespero e o encurralamento a que estão sujeitos, a esse extremo os podem conduzir.

Em tempos de pandemia, há pessoas que vivem várias pandemias, em condições sub-humanas, por terem ousado sonhar em ter uma vida melhor.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva