Opinião

Coordenação europeia no combate à pandemia precisa-se

Profissionais de saúde das forças armadas alemãs, vêm de reforço para auxiliar o combate da pandemia em Portugal, e trazem com eles equipamento e material

A ajuda alemã é bem-vinda em tempo de catástrofe pandémica e, vai contribuir para tratar, “in loco”, alguns dos nossos doentes com Covid, que atualmente, proliferam nos corredores e nas ambulâncias à porta dos hospitais.

A Espanha por sua vez está ainda a estudar a forma de vir a poder apoiar os seus vizinhos, e a Áustria, ofereceu-se já para tratar alguns dos nossos doentes mais graves no seu território.

É pena que esta disponibilização de capacidades e meios seja meramente simbólica, e coordenada bilateralmente, dado que a solidariedade entre todos os estados-membros, é um dos valores mais importantes da construção europeia, pois em minha opinião, os meios que os estados-membros suprarreferidos, fazem tensão de disponibilizar, parecem-me ser em tão pequena quantidade que, se arriscam a ser uma gota de água, no meio dum imenso oceano em que naufragamos.

Eu sei que todos os estados-membros estão atualmente a sofrer do mesmo problema pandémico, embora nos tenha calhado a fava do bolo-rei, por sermos o estado-membro europeu mais mal classificado dos 27 em termos de mortalidade e de infeções diárias por Covid por cem mil habitantes, razão pela qual me parece que estas contribuições humanitárias, roçam o ridículo, por serem quase insignificantes.

Nas maiores guerras que travámos no nosso território nacional, tivemos sempre, sempre, o auxílio de terceiros, dos nossos aliados, constituindo as guerras peninsulares o paradigma desse auxílio, pelo facto dos ingleses terem vindo comandar o grosso das Forças em presença, que eram maioritariamente deles no Teatro Operacional de Portugal, e concomitantemente terem assumido a condução política do país, dado que os interesses que tinham na altura terem sido interesses convergentes com os nossos.

Desta vez, nesta guerra contra o vírus SARS COV 2 e numa união política, que somos desde Maastricht, a coordenação do combate a esta pandemia, em termos europeus, deveria ter sido efetuada pela Comissão Europeia e nunca em termos bilaterais e pontuais, como parece ser o caso, pois só unidos podemos ter realmente sucesso.

Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva