Opinião

As notícias falsas, o combate à pandemia e os velhos marretas

Nas Forças Armadas as informações fidedignas sempre foram fundamentais para se conseguir combater eficientemente, em termos de organização, e eficazmente, em termos de resultados, o inimigo. Por esse motivo sempre foi essencial conhecer-se, a estratégia do inimigo, a sua doutrina e a sua tática.

Para além de termos de estudar a doutrina do inimigo, a fundo, é preciso ter constantemente informações fidedignas, do que se passa no campo de batalha, de preferência em tempo real, ou quase real.
A recolha de notícias pelos diversos órgãos de pesquisa e o seu tratamento, para que passem a ser informação são vitais, para que os responsáveis pelas informações, não forneçam ao comandante informações falsas, levando-o a tomar más decisões.

Todos os passos que referi são importantes para um comandante tomar uma boa decisão, não sendo muito diferente na governação dum país ou no combate contra um qualquer vírus mortal, por parte dum político com responsabilidades na governação, muito em especial na área de Saúde.

No caso da Covid é preciso que os especialistas, biomédicos, médicos virologistas, infeciologistas, de saúde pública, matemáticos e estatísticos, conheçam a fundo a literatura existente sobre o vírus, o equivalente à estratégia e doutrina do inimigo, que no início era quase inexistente, embora houvesse algum conhecimento de outros vírus semelhantes, recolher permanentemente, informação já tratada por centros de investigação e laboratórios credíveis, em todo o mundo, analisar as notícias do que se passa no mundo, e no país, e tratá-las para que passem a informação.

As notícias devem ser analisadas pela credibilidade da fonte, e pela verosimilhança, ou seja se a fonte é fidedigna, e se estas se adequam à doutrina existente sobre o vírus, ou seja se sujeitas a um “fact checking”, as podemos transformar em informação.

A análise das notícias é um factor importante, sobretudo quando existem tantas fontes não credíveis, que inundam os OCS e redes sociais de notícias falsas.

Ao governante a informação deve chegar já trabalhada, pelo seu “staff” técnico, para que este possa decidir fundamentadamente o que fazer.
Infelizmente quando se confunde o patamar técnico com o político, como em Portugal, algo muito errado se passa, como é o caso da Graça Freitas, a Diretora Geral da Saúde que, erradamente faz, amiúdes vezes, o papel da Graça Temido, Ministra da Saúde, tentando justificar cientificamente decisões políticas erradas, perdendo dessa forma credibilidade, e dizendo imbecilidades, na maioria dos telejornais diários, onde aparecem juntas, parecendo-se mais com um “sketch” humorístico dos velhos dos marretas, do que com uma síntese, séria, útil e informativa sobre a Pandemia.

Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva