Parece que afinal, malgrado todas as proibições, todos os confinamentos e todos os estados de exceção, houve cerca de um milhão de pessoas que saíram das duas grandes metrópoles portuguesas, Lisboa e Porto, neste período de Páscoa. É um número imenso, que significa que à medida que o tempo passa as pessoas desligam, não querem saber, estão fartas de conselhos e de números, estão fartas da pandemia e dos seus implícitos e necessários confinamentos.
Será que essa atitude coletiva é correta do ponto de vista ético, de cidadania, de respeito, enfim de tudo o que é necessário fazer de sacrifício para se atingir um bem comum, em último “ratio” para salvaguardar o bem-estar da nossa família, salvaguardar a prosperidade futura e a viabilidade da nossa nação, enfim para defender a nossa sociedade e a nossa nação.
Que falta de civismo, de noções básicas de cidadania e de ética, que egoísmo, enfim que falta inclusive de vergonha, pois muitos deles publicaram fotos nas redes sociais nas praias do Algarve, e para os diversos sítios para onde se deslocaram em gozo de imerecidas férias, alguns deles com responsabilidades acrescidas pelos cargos e funções que ocupam na sociedade.
Se estivéssemos perante uma guerra, com atitudes egoístas deste género de certeza que nem nela entraríamos, desertávamos, enfim não sei, só sei que o Algarve está a entrar numa zona vermelha, numa altura de reservas turísticas, o que me parece um mau presságio para o futuro da nossa economia a curto-prazo.
Vamos lá a ver se nos entendemos, estamos todos fartos de confinamentos, mas para sairmos deles é necessário ganharmos a guerra, é necessário ganharmos as batalhas, conquistarmos os objetivos intermédios, e termos muita persistência e tenacidade, enfim, é necessário espírito de sacrifício, e sobretudo espírito de corpo.
Se não sabem o que é espírito de corpo, perguntem aos vossos familiares mais velhos que foram à guerra, que foram à tropa, eles certamente sabem!
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
Adicionar comentário