Geral Opinião

Quem em Portugal nunca meteu uma cunha que atire a primeira pedra

Foto: Mundo Português

A cunha é algo genético que define a nossa idiossincrasia como povo, está de tal forma impregnado que é um fenómeno generalizado, numa sociedade burocrática como a nossa, num país tão pequeno onde toda a gente se conhece, e é fácil com três interações chegar ao próprio Presidente da República, qualquer que ele seja.

Há uns anos, nos tempos da outra senhora, dizia-se que através da rede das criadas, mesmo quem não tivesse listas de contatos de pessoas influentes, podia chegar ao topo ao então Presidente do Conselho, Dr. Salazar.

Quem as recebe, mesmo que nada faça, sente que tem poder, que é uma pessoa importante, e este poderzinho mesmo que insignificante, sobre a vida e os destinos de outros, é outra das caraterísticas idiossincráticas do nosso povo.

Os próprios soberanos, noutros tempos concediam graças e favores, e todos tentavam a eles ocorrer para ganhar vantagem.

As próprias grandes empresas e inclusive bancos portugueses, neste contexto, normalmente contratam ex-políticos, de todos os quadrantes partidários, mesmo que não lhes atribua nenhuma missão, somente, para em caso de necessidade efetuarem um telefonema, para desbloquear e resolver um problema rapidamente.

Muitas vezes, no âmbito da administração pública, nem é preciso meter uma cunha, basta o nome de família da pessoa em si, para se abrirem todas as portas, pois todos gostam de ser prestáceis, pois algum dia também podem precisar dum favorzinho, duma cunhazita.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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Acerca do autor

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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