Geral Opinião

Notas à margem da Cimeira do G20

Foto: Consilium Europa

No último dia do G20, e à margem da reunião, houve duas declarações que foram importantes e que serão objeto desta crónica, nomeadamente a declaração de Lula da Silva e de Biden.

Tendo apoiado publicamente Lula nas últimas eleições presidenciais brasileiras, por achar que o Brasil estava a entrar num rumo antidemocrático, nunca o apoiei por convicção, pois para mim era o melhor entre dois males, no entanto acho que hoje Lula mostrou que de democrata afinal tem pouco, ao afirmar que iria convidar Putin para ir na próxima reunião do G20 ao Brasil, chegando mesmo ao cúmulo de referir que apesar do Tribunal Penal Internacional ter emitido um mandato de captura contra o presidente russo, este no país a que preside nunca seria detido, ou seja, faria tábua-rasa do tratado que o Brasil assinou com o TPI bem como com o princípio constitucional brasileiro, acerca da separação de poderes, uma vez que a competência de executar o referido mandato de detenção é da exclusiva competência dos tribunais, do poder judicial, revelando dessa forma um desprezo pela democracia, que exige um rigoroso cumprimento desse princípio básico tal como definido por Montesquieu aquando da revolução francesa.

Pobre Brasil, cujos candidatos que se apresentaram às últimas eleições eram ambos das duas extremidades opostas do espetro político.

Biden por sua vez apresentou o projeto de ligação ferroviária de alta velocidade a ligar a Índia a Israel, algo que denominou como o comboio da paz, pois passará nos Emiratos Árabes Unidos, na Arábia Saudita, na Jordânia e por fim a Israel, ou seja, uma ligação que irá ligar antigos inimigos, pois os Árabes que há pouco tempo não reconheciam a independência de Israel, agora Irão unir-se, passando os palestinianos sunitas a deixar de ter o apoio que tinham desses países, no entanto os palestinianos xiitas, apoiados pelo Irão, e que habitam maioritariamente na faixa de Gaza, continuarão a sua luta. A paz continuará, em minha opinião, a ser uma utopia na região, em ora reconheça que pode ficar mais próxima.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma