Geral Opinião

COVID-19 Um novo Schengen para a UE.

Desta vez, e uma vez que a crise do COVID-19 atingiu grande parte dos estados-membros da UE, a resposta a esta crise, pode ser diferente da resposta à crise das dívidas soberanas de 2008.

À semelhança do acordo que está na base de Schengen, poderão eventualmente, os sete estados-membros que têm a mesma posição que Portugal em relação à mutualização da dívida,  estabelecer um acordo de cooperação estruturada permanente, em que poderão em conjunto encontrar uma solução de mutualização da dívida entre si, conseguindo assim financiarem-se no mercado a juros muito mais baixos, do que se se fossem financiar individualmente.

Os sete estados-membros que têm tido uma posição de força e de coesão, poderão assim, caso a Alemanha e a Holanda  continuem irredutíveis na sua posição em relação à emissão de Corona Bonds, ensaiar  uma solução diferente, embora não original

A França, com  Macron à frente, tem um devir histórico, de evitar que a extrema-direita de Marine lePen venha a ganhar as próximas eleições presidenciais, ao capitalizar o voto dos descontentes e dos nacionalistas, facto que a está a impelir a liderar o conjunto dos sete estados-membros, que querem que a UE emita dívida pública mutualizada, tendo sido ela que convenceu a Alemanha, a na última reunião do Eurogrupo,  aceitar uma solução de compromisso, expressa formalmente no acordo final da semana passada, que deixa em aberto a criação dum fundo de apoio aos Estados-membros que dele venham a necessitar, para fazer face à crise económica, que se vislumbra pós- pandemia.

Tenho esperança  que ,  in extremis, o estabelecimento duma cooperação estruturada permanente, entre os sete estados-membros liderados pela França, possa eventualmente ser a solução, muito embora não seja a desejável, malgrado o Tratado  de Lisboa a preveja , em nome duma unidade da União Europeia, que só foi quebrada, até à atualidade, em duas ocasiões históricas, em Schengen, para a abolição de Fronteiras internas entre os Estados-membros signatários desse acordo, e na implementação da moeda única, o Euro.

Penso também que, esta solução poderá  ser utilizada na Política Comum de Segurança e Defesa, tendo em vista o desenvolvimento de algumas Capacidades Militares Comuns.

Macron poderá ser o Caudill o da solução, tudo dependerá do que vier a ser defendido na próxima Cimeira da UE agendada para 23 de Abril.

A Europa a várias velocidades parece estar a perfilar-se como futuro imediato.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reservs

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Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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