Opinião

As Relações Portugal-Espanha no atual contexto Internacional

Atualmente, numa Europa completamente integrada financeiramente, e já muito integrada politicamente, conforme expresso no Tratado de Lisboa, com a Espanha pertencendo à mesma união e concomitantemente fazendo parte da mesma aliança defensiva, a NATO e os governos nacionais têm cada vez uma margem mais reduzida para atuarem individualmente, pois inclusive, cerca de 80% da legislação nacional é plasmada da legislação comunitária.

As grandes decisões são tomadas no Conselho em Bruxelas, onde temos assento e onde a Diplomacia se exerce através duma constante negociação, para a qual temos de estar preparados, assistir e participar ativamente em todos os trabalhos executados a montante do Conselho, algo que não fazemos por desinteresse, falta de organização e de vontade, não obstante estarmos na União há quase quatro décadas, o que faz com que Portugal não consiga, muitas vezes, que as decisões do Conselho lhe sejam mais favoráveis, pois perdemos por falta de comparência.

A cooperação estruturada permanente com os outros Estados-membros conforme expresso no Tratado de Lisboa, é a aposta mais sensata de Portugal para investir e apoiar o investimento privado, em vários setores pois sozinho, não tem dimensão nem escala para desenvolver projetos rentáveis.

Por uma questão geográfica e de escala a maior parte dessas cooperações, em minha opinião, tinha vantagem ser feita com Espanha, sem complexos bacocos, pois sem os vencermos não há futuro, num mundo cada vez mais global.

Todos os Estados-membros europeus, sem exceção, desde que se formaram têm tido historicamente conflitos semelhantes aos nossos com os seus vizinhos, e todos eles, tal como nós, têm tido de avançar e cooperar estruturalmente entre si, e com outros parceiros, em todos os domínios, para fazer face aos desafios do Século XXI.

Os Estados do leste europeu têm-se desenvolvido mais que nós, sobretudo pela proximidade à Europa do Norte e à Alemanha, e porque têm sabido tirar partido dessa sua geografia.

Portugal e os sucessivos governos, não têm tido uma estratégia nacional definida, navegam à vista para agradar , não têm por isso tirado nenhum partido substantivo das oportunidades que temos tido ao longo da nossa adesão à Europa, nem da nossa geografia como plataforma importante para que se estabeleçam e fortaleçam laços multi-bilaterais com outros continentes.

Como dizia o gato para a Alice no País das Maravilhas, se não sabes para onde hás de ir estás perdido.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva