Geral Opinião

As ofensivas no terreno na Rússia e Ucrânia vão parar

Tanto a Ucrânia como a Rússia, com as suas duas ofensivas, uma em Kursk, e a outra em que ataque principal se desenrola no Donbass, ainda não atingiram os objetivos estratégicos a que se propunham.

A Rússia com todo o seu poder avançou em cerca de sete meses só cerca de cinquenta quilómetros no Donbass, tendo só agora chegado perto de Pokrovsk, o que é relativamente um avanço pouco significativo, tendo em vista a atrição que sofreu, nomeadamente em termos de perdas em pessoal, que está a tentar compensar co mercenários vindos de África, recrutados pelo grupo Wagner, especialmente oriundos do Burkina Faso.

Ambos os inimigos estão a tentar avançar o mais possível nas duas ofensivas em sentido contrário, dado que só têm cerca de duas semanas para o poderem fazer, uma vez que começará por essa altura a época das chuvas, que os obrigará a parar as ofensivas, pois a lama que normalmente se forma nessas regiões, impedem a progressão das tropas blindadas e mecanizadas, pelo que em minha opinião até à próxima Primavera os dispositivos militares no permanecerão praticamente imobilizados.

A guerra continuará a ser feita só com sistemas de armas indiretas, drones e mísseis em profundidade, no caso russo continuará a ser, como de costume, lançando-os  indiscriminadamente, sobre as cidades e sobre objetivos militares e energéticos, e no caso ucraniano vamos continuar assistir, agora com mais intensidade, a respostas no mesmo sentido, que espero não sejam sobre alvos civis, dado que desenvolveu internamente drones e mísseis que têm tido algum sucesso nos ataques que tem efetuado.

A Ucrânia, contra grande parte da opinião de alguns críticos pró-russos, tem conseguido manter o território que conquistou na regiāo de Kursk, e está disposta a aguentá-lo por um longo período, tendo inclusive colocado no território uma administração civil e militar para o gerir, algo que sabemos ser fundamental para permitir à população civil da região, continuar a ser apoiada nas suas necessidades básicas de abastecimento e de manutenção dos serviços públicos, necessários à vida no seu dia-a-dia, um bom exemplo que não vimos na invasão do Iraque pelos USA, imediatamente a seguir à tomada do território, o que provocou grande animosidade na população “ab initium“ contra eles, inclusive dos xiitas que os deixaram de ver como libertadores da ditadura do Saddam.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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