Opinião

A nova liga de Futebol

Os auto proclamados doze maiores clubes de futebol europeus decidiram constituir uma nova competição da modalidade entre si. Não me parece mal, estão no seu direito.

Claro que neste lote de doze clubes de futebol, não consta nenhum clube português, pois não temos nenhum clube de excelência. Somos um país pobre, que exportamos os nossos melhores jogadores para os clubes grandes, depois de os formarmos, a exemplo do que fazemos com todos os nossos melhores alunos, formados nas nossas universidades.

Para além de exportarmos os melhores jogadores de futebol para os clubes europeus, os nossos clubes também importam jogadores de países do terceiro mundo e, depois de os colocarem a jogar e os valorizarem, também inexoravelmente os exportam para os melhores clubes europeus. Claro que em todas as transações de jogadores os clubes portugueses ganham avultadas fortunas, nestes que considero um autêntico mercado esclavagista da
atualidade.

A FIFA e a UEFA não gostaram desta nova competição entre os doze magníficos e, ameaçam-nos de expulsão das suas competições, bem como de impedir que os seus jogadores integrem as seleções nacionais dos países de origem, pois estas instituições estão habituadas a, nas competições que patrocinam, ganharem chorudas quantias com a exclusividade das transmissões televisivas, conseguindo a quadratura do círculo, ou seja, a de simultaneamente regular o futebol profissional e organizar as suas mais importantes competições mundiais, algo que deveria ser ilegal no espaço da União Europeia, por ser contra as leis do mercado, ou seja, contra a livre concorrência.

No hipismo, já há duas ligas com os melhores cavaleiros do mundo, a Longines Tour e a Rolex, duas competições independentes da Federação Equestre Internacional, que geram fortunas em que os cavaleiros que nelas participam, os melhores do mundo, não competem nem nas competições da Federação Equestre Internacional, nem nas das Federações Nacionais, porque as Federações e a Confederação das Federações, FEI, também os proscreveram dos concursos que organizam, ou seja, esses cavaleiros não podem participar nem nos Concursos de Saltos Internacionais de Obstáculos da FEI, nem nas Taças das Nações, representando os seus países, nem em nenhuma seleção nacional para o Campeonato do Mundo, exatamente pela mesma ordem de razões, porque a FIFA e a UEFA, embora não o digam diretamente, querem ora boicotar os doze magníficos, ou seja, por perderem a exclusividade das organizações, bem como das avultadas receitas que essas duas competições geram, quer com a venda de cavalos, quer com a venda do sémen dos garanhões, quer com as transmissões televisivas, quer com a publicidade.

Não é pois o futebol a primeira modalidade em que há cisões, é punições pelo controlo do vil metal.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva