Geral Opinião

A adesão da Finlândia e da Suécia à NATO

A NATO e os EUA ganharam novo fôlego com a recente invasão da Rússia à Ucrânia, depois de ter estado em morte cerebral, por ausência dum inimigo credível comum, e pela desastrosa retirada do Afeganistão, já no consulado de Biden, facto que consubstanciou a sua primeira derrota, no primeiro conflito que entrou para combater, do ponto de vista político e militar.

A invasão russa voltou a focar os EUA na Europa, numa altura em que estava a mudá-lo para a Região da Ásia-Pacífico, entabulando novas alianças militares com os ingleses, e com os países da região, nomeadamente a Coreia do Sul, o Japão e a Austrália, e desprezando a NATO, com o fim de combater o expansionismo Chinês no Mar-da-China, e controlar a região,  contendo a China a potência em ascensão.

Ao voltar o seu foco novamente para a Europa os EUA adiaram a deslocação do seu centro de gravidade do Médio-Oriente, para a região Ásia-Pacífico, onde tem atualmente os seus interesses estratégicos vitais e secundários, ou seja, os EUA só estão a adiar essa sua decisão por uns tempos, pois assim aproveitam a oportunidade  para enfraquecer a Rússia, seu inimigo derrotado na guerra-fria, derrota que Putin não aceita, e que numa atitude desesperada tenta reverter, dando ao Biden oportunidade de ter uma vitória externa rápida, que lhe permita reganhar popularidade, a tempo das eleições de outubro.

O adiamento da decisão da deslocação dos EUA para a região de Ásia-Pacífico è temporária, pelo qua a Europa não pode continuar a confiar cegamente a sua defesa e proteção à NATO.

A Finlândia e a Suécia, dada a proximidade da guerra da Ucrânia às suas fronteiras, e com receio duma invasão, altamente improvável por parte da Rússia, que está a destruir o prestigio do seu exército, e a desgastar os seus meios militares, em fogo lento como convém, está a pedir o seu ingresso, com urgência à NATO, ou seja, está através dela a pedir a proteção dos EUA, uma vez que pertencendo à UE, já tinha garantida a sua proteção por parte dos outros Estados-membros europeus, conforme definido na cláusula de solidariedade de assistência mútua escrita no Tratado de Lisboa.

Pelo suprarreferido e, em minha opinião, a ida de Boris Johnson, apressada a esses dois países esta semana, para assinar um acordo bilateral de segurança e defesa, com estes dois países, não é mais que uma tentativa de se autopromover, e reganhar o prestígio interno, que perdeu nas festas que promoveu em plena pandemia.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma