Geral Opinião

Os lares-prisão em Portugal

Foto: Rádio Pax

A esperança de vida média tem aumentado, o que à partida parece ser um bom sinal, no entanto os mais velhos deixaram de ter lugar lugar na sociedade ocidental, pois os afetos, os nós e os laços familiares parecem não resistir ao Inverno das suas vidas, que passam a ser um estorvo que é preciso pôr num lar, vulgo prisão, de onde só podem sair quando por milagre e nos primeiros meses, e senão chove, algum familiar se lembre de os visitar.

Não há tempo para os mais velhos são chatos, têm manias, têm saudades, têm sentimentos, mas estão longe da vista e longe do coração, e afinal precisávamos da casa deles para os nossos filhos se poderem casar, e para nos desculparmos interiormente pensamos que pelo menos no lar têm companhia, que não podiam ficar sozinhos.

Lar é um nome bonito, mas se estão proibidos de sair mesmo que tenham autonomia, devido aos resquícios do Covid, deveriam chamar-se prisões, onde os velhos são encarcerados por serem culpados de terem envelhecido.

O que foi noticiado no lar do Vimeiro é algo que é comum passar-se em várias instituições semelhantes, e todos nós sabemos ou suspeitamos, mas estão melhor assim, estão com companhia e nós ficamos hipocritamente descansados à espera que morram e sejam incinerados rapidamente para não deixarem rasto, à excepção duma foto pirosa no facebook envolvida num laço preto.

Nuno Pereira da Silva

Coronel na Reforma

Acerca do autor

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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