Há uns anos atrás ia desconseguindo passar o natal em casa com os meus. Estava em Angola em cooperação militar, tinha bilhete de volta pago, reservado e confirmado para 20 de Dezembro, mas nesses países a TAP funciona por pressão e importância das pessoas da nomenclatura que desejam viajar, que estão sempre à frente mesmo que não tenham bilhete marcado e, como em todo o território angolano por subornos, institucionalizados, vulgo gasosas.
O jeitinho, as gasosas ou Kumbu, falam mais alto, num país em que tudo funciona com subornos, com dinheiro à frente, para se conseguir algo, inclusive transitar dum ponto para o outro de carro, pois tem de haver dinheiro para prontamente pagar uma gasosa aos polícias que o parem, algo que pode acontecer várias vezes por dia.
Para poder passar o natal em Portugal, algo essencial para quem está sozinho e longe, tive de fazer uma viagem de dois dias, pois só o consegui, viajando de avião na TAAG para a Namíbia, na companhia Sul Africana para a África do Sul, na Sabena para a Bélgica, para finalmente chegar a Portugal com a TAP.
Foi uma viagem atribulada, dispendiosa e longa e, como sempre a TAP que nos devia servir, falta sempre que é necessário, ou porque faz greves na altura das festas, ou porque obedece a interesses espúrios, que não são os de prestar um serviço, facto que é uma tristeza, pois todos obrigatoriamente para ela contribuímos há décadas, com impostos exorbitantes.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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