Fui finalmente ao meu Algarve após o final do confinamento, quis sentir o calor da terra, o cheiro da Serra Algarvia, quis recordar o passado no sítio onde fui feliz, queria revivê-lo, ressenti-lo, embora temesse desconseguir.
Depois de passar por Alte e pelo Parragil cheguei a Loulé, o meu destino deste fim de semana, onde quis passar umas horas, embalado pelo calor da serra e da terra, a olhar serenamente o mar ao longe.
O calor da serra é algo que não sinto em Mafra, nem na Ericeira, terras às quais já me habituei e que comecei a gostar, até porque foi neste concelho que constituí família, embora confesse, de vez em quando me pareça fazer falta o tal calor abrasador, o calor que queima, o calor algarvio, pois por cá as brumas regressam à noite para desaparecer a meio da manhã do dia seguinte.
Ao fim dumas horas na Serra Algarvia, o calor de que tinha saudades, e que tanta falta me parecia fazer e de que tinha saudades, começou a incomodar, primeiro um pouco, depois muito, e comecei, enfim, a suspirar pelas brumas de Mafra, agora mais adequadas para esta fase da minha vida, mais calma, mais sossegada e longe da confusão e, rumei a norte ansioso por voltar a sentir o fresco da região saloia, desapontado comigo mesmo, pois percebi que as saudades que tinha do calor, não era relacionado com a temperatura atmosférica, mas do calor da casa de meus pais e da minha infância e adolescência passados em Loulé, mas esse calor infelizmente não volta.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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