Não embarco em discursos alarmistas, nem sequer em movimentos que radicalizam a sociedade portuguesa. Uma das maiores perversões atuais é o de ao se colocar os que têm uma visão divisionista, antissistema e populista no topo da discussão política é o estar a dar-lhes o palco mediático de que tanto necessitam.
Não quero com isto afirmar que devemos ignorar o crescimento destes movimentos, aliás, qualquer democrata tem de estar na primeira linha deste combate.
Quem frequenta as redes sociais já se deu conta do cada vez maior número de publicações, partilhas e comentários que alimentam polémicas, criam um clima de permanente combate e dão ao cidadão a ideia de que o nosso país é inseguro, violento, que o nosso problema são os de fora, que vivemos numa sociedade sem controlo, sem ordem ou Lei.
A estratégia é conhecida, estudada e já foi e é aplicada em outros países, em França com Le Pen, no Reino Unido com o Brexit, nos Estados Unidos da América com Trump, em Espanha com o VOX, em Itália com Matteo Salvini ou no Brasil com Bolsonaro. Por cá não é diferente, aliás, é cada vez mais evidente que o CHEGA tem ligações a todos estes movimentos uma “Internacional Populista” com a estratégia e financiamento de Steve Bannon.
Portugal não está imune a este movimento internacional, as últimas sondagens indicam exatamente isso, mas é preciso relembrar que nas últimas eleições legislativas PS e PSD tiveram em conjunto mais de 60% dos votos, dois partidos do centro democrático e de base social democrata.
Os próximos tempos serão difíceis, não podemos enfrentar qualquer dificuldade se a negarmos, como temos visto, quer em declarações de membros do Governo e do próprio Primeiro ministro já estão a ser preparadas medidas que visam o apoio social, a empresas e à criação de emprego. É neste “caldo” social, económico e político que Portugal vai enfrentar as “hienas populistas”, sejamos então audazes, ou como afirmava Maquiavel, tenhamos a coragem do leão e a astúcia da raposa.
Pedro Fernandes Tomás
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