Opinião

Quais os limites éticos ao desenvolvimento armamento bélico?

Numa altura em que a tendência dos novos meios militares é a robotização, em todos os ramos, muito embora pareça que o homem no terreno continue a ser essencial, no limite para ocupar o próprio terreno, “boots on the Ground” é altura de se voltar a pensar, sobre onde se situam os limites éticos à utilização deste novo material, e ao seu próprio desenvolvimento.

Em termos éticos, Santo Agostinho, na Idade Média resolveu o problema à época, teorizando sobre o “Jus Bellum” , ou Guerra Justa, justificando o uso de tecnologias mais letais na guerra, desde que a bondade da mesma, estivesse do lado de quem a usa.

Mais recentemente com o advento do nuclear, os limites foram impostos pelo receio de retaliação e pelo equilíbrio de armamento nuclear existente entre os dois blocos antagónicos, pelo equilíbrio do terror e, pelo consequente receio da extinção da humanidade, pela sua utilização extensiva, nunca chegando a ter sido utilizada a bomba de neutrões, que nada destrói fisicamente a não ser a vida, pelo mesmo motivo.

Os drones, os robots terrestres, novos carros de combate sem tripulação testados na Síria, os drones navais, a utilização ou não de drogas para aumentar a resistência humana à fadiga, a utilização de humanos com elementos de aço na sua constituição, tipo filme do Robocap, a utilização de mercenários, ou dito de outra forma, empresas de segurança, em vez de exércitos de nacionais, tudo isto levanta problemas de ética dificilmente ultrapassáveis, em minha opinião, com o “jus bellum”, no entanto receio que o único limite ao desenvolvimento de novos sistemas de armas e de utilização de humanos transformados, esteja unicamente colocado no receio da extinção da própria espécie humana, e não em nenhum limite ético.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva