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Pedir perdão não é traição

Foto: Reuters

O Papa pediu perdão, em nome da Igreja, pela inquisição e pela pedofilia, por considerar que estes pecados no sentido religioso e moral e por crimes contra a Humanidade, no primeiro caso e contra terceiros no outro caso, crimes cometidos maioritariamente no passado, porque o pedido de perdão, a assunção da culpa e o arrependimento fazem parte da idiossincrasia da igreja e dos fiéis desde que a Igreja foi instituída por Cristo.

A Igreja Católica embora com a oposição de muitos cardeais e bispos, está a estudar formas de compensação pecuniária pelos crimes sexuais cometidos por alguns dos seus membros, algo que duma forma geral tem sido uma postura que tem merecido o aplauso das sociedades onde a Igreja se insere, em pleno século XXI.

Marcelo Rebelo de Sousa é um católico progressista, que mesmo no seio da ditadura pertenceu aos célebres católicos que na Igreja do Rato se opunham ao regime, ao lado de Guterres, Maria de Lurdes Pintassilgo, entre outros, foi professor na Universidade Católica e mesmo em campanha nunca deixou de assumir como católico, à semelhança do Papa considera que há máculas no passado colonial português, que têm de ser reconhecidos, e pelos quais se deve pedir perdão coletivo e provavelmente compensar, através de várias formas, de que a cooperação mais aprofundada e uma contribuição para o desenvolvimento das ex-colónias e para a erradicação da pobreza, podem ser exemplo.

Reconhecer culpas mesmo que algumas longínquas não é traição é bom-senso, algo que não abunda nalguns líderes políticos que se afirmam, hipocritamente, como católicos.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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