Opinião

Os velhos do Restelo nunca tiveram razão

À medida que vamos envelhecendo, vamos percebendo que muita coisa que estudámos, e que nos pareciam verdades insofismáveis, se vão alterando, modificando, muito rapidamente, como é normal num tempo de mudança.

A revolução digital, em curso, tem vindo a alterar quase toda a sociedade, a grande velocidade, as mudanças que outrora demoravam um século a concretizar-se, atualmente demoram dez anos, todas as relações pessoais, todas as relações de trabalho se alteraram, diminuindo a distância, e contraindo o tempo instantaneamente, ao toque de um click.

O paradigma energético está também a alterar-se, como em todas as grandes revoluções, facto que trará repercussões várias em todas as áreas.

A tecnologia existente parece tudo conseguir fazer, e o que ainda não consegue, depende mais da vontade e do investimento, do que da falta de meios e técnica para o concretizar.

É necessário planear constantemente, como em operações militares, que enquanto se executa um plano, outros estão a planear o seguinte, pois o tempo de reação é escasso.

Em termos de segurança, nestes últimos quarenta anos, o contexto internacional mudou, novas ameaças climáticas e pandémicas globais apareceram, mudaram as ameaças externas e internas, mudou a forma como temos de responder coletivamente, mudou a forma de planear, mudou a forma de pensar, mudaram os meios ao dispor, mudou a técnica e a tática do uso dos meios militares, porque estes mudaram ou estão em vias de mudar, pois a automação e a robotização irão substituir grande parte dos meios convencionais, enfim tudo mudou, absolutamente tudo mudou, ou está em vias de o fazer.

Perante todas estas mudanças, não podemos responder ao futuro com soluções do passado, com as mesmas de sempre, é necessário tudo repensar, tudo refazer, em todas as áreas do conhecimento, para se arranjar uma solução, a curto/médio prazo, integrada para o futuro, quer como país isoladamente, quer integrados numa União Políticas, como forma de os solucionar e de sobrevivermos.

Os velhos do Restelo, já na sua altura estavam enganados, quanto mais atualmente num mundo e numa sociedade em constante mudança de paradigmas.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva