A estratégia ensina-nos que os Estados se movem por interesses, nada mais que interesses, que de acordo com a sua importância os podemos catalogar em interesses vitais, pelos quais se morre, interesses importantes pelos quais se combate e outros interesses secundários pelos quais se negoceia, ou seja, os do primado da Diplomacia.
A estratégia também define que quando os interesses dos Estados são convergentes estes cooperam entre si.
Esta abordagem da estratégia, coincide com a abordagem Realista das Relações Internacionais, desenvolvida mais tarde, no fim da I Guerra Mundial, que considera que o Estado é o único ator do Sistema Internacional, algo de que não sou apologista.
Estas teorias realistas e da estratégia, em minha opinião, também se aplicam em relação às relações em sociedade, e mesmo às próprias amizades, que vamos fazendo na vida, a maior parte, embora não todas felizmente, se movem e regem por interesses.
Interesses políticos, interesses económicos, interesses corporativos e sobretudo interesses pessoais, egoístas e antiéticos na maior parte das vezes, mas que fazem mover a maior parte dos indivíduos em busca de poder, riqueza, sucesso pessoal, profissional, reconhecimento pessoal, conquistas amorosas só para satisfação do ego, mesmo que tenham de trair amizades, enfim, tudo vale não interessando mais nada que a defesa dos seus interesses individuais.
Tal como o Sistema Internacional não se baseia só no maniqueísmo realista dos interesses dos Estados individualmente considerados, pois estes não são os únicos atores do Sistema Internacional, na Sociedade e nas Relações Pessoais em sociedade, estas não se podem centrar exclusivamente no indivíduo e no seu egoísmo, como ator único, na defesa dos seus interesses, pois tal como nos Estados, tal facto só conduziria à barbárie e à lei do mais forte, daí a necessidade de se legislar, de se regular, de se exercer a justiça, de se definirem limites éticos, de se denunciarem amizades absurdas, enfim…
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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