Opinião

O racional por trás da mediocridade das prestações Olímpicas Portuguesas

Agora que os nossos atletas olímpicos estão prestes a terminar as suas atuações, todo o desporto que não seja futebol, está prestes a deixar de ser notícia, pelo menos até aos próximos Jogos Olímpicos, altura em que nos voltamos a lembrar de todas essas modalidades, que parecem ser filhas de um Deus Menor, neste país à beira-mar plantado.

Portugal atualmente já dispõe de infraestruturas razoáveis, pois com acesso ao dinheiro fácil vindo da UE, foram raros os autarcas que não construíram excelentes parques desportivos, com piscinas aquecidas, pavilhões Gimno- desportivos, ora utilizados como centros de vacinação, pistas de atletismo, campos futebol relvados, enfim, foi e tem sido um fartar vilanagem.

Nalgumas autarquias, às vezes, foram desnecessariamente construídas mais que uma infraestrutura desportiva de qualidade, no mesmo concelho, facto que se tem revelado como autênticos sorvedouros insaciáveis de dinheiros públicos para a sua manutenção.

Malgrado este esbanjamento de dinheiros públicos, continuamos com resultados medíocres nos Jogos Olímpicos, quando comparados com outros países Ocidentais, com um número semelhante de habitantes.

Em minha opinião, tal facto deve-se à incapacidade dos sucessivos governos, que nos têm governado, não terem sido capazes de definir políticas públicas orientadas para a excelência desportiva.

Não existem ao nível do Ministério da Educação, políticas públicas de apoio e incentivo aos jovens atletas, que se queiram concomitantemente dedicar a um desporto e estudar, como existem noutros países nossos congéneres, nomeadamente horários escolares especiais, que sejam compatíveis com os treinos e as competições desportivas dos atletas, nem existem vagas para eles dedicadas no ensino superior, facto que obriga os pais, muitas vezes a optar
por retirar os filhos do desporto, mesmo que estes nele sejam promessas.

Sem políticas públicas adequadas, sem clubes desportivos capitalizados, sem encarregados de educação motivados para deixarem os filhos praticar desporto, sem serem prejudicados por esse facto, ou seja, sem uma ação coordenada de todos os “players”, nunca sairemos da cepa-torta, e continuaremos a ficar satisfeitos com a mediocridade.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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