Opinião

O levantamento das patentes das vacinas do Covid 19

O trabalho intelectual e criativo de investigação tem de ser pago. Para se atingir a excelência em qualquer área do conhecimento, artístico ou científico, são necessários anos, sangue, suor e lágrimas, que têm de ser remunerados obrigatoriamente.

Para se conseguir fazer uma vacina como a da Pfizer e da moderna, são necessários anos de investigação, anos de trabalho de equipas multidisciplinares a trabalhar em centenas de laboratórios e centros de investigação em rede, pois estas duas vacinas são produto de trabalho que estava a ser elaborado no domínio do RNA, ou seja, no domínio da genética, passível de ser utilizado em várias doenças, como o cancro, a diabetes, entre outras.

Não pagar o trabalho científico de Investigação é comprometer futuras e importantes descobertas de cura de outras doenças, que nos assolam e que irão assolar no futuro.

Esta é a razão fundamental porque é difícil e perigoso, decidir levantar o direito das patentes das vacinas, pois se isso acontecer, quer os investigadores, quer as farmacêuticas que investiram milhares de milhões de euros em I&D, poderão não se interessar em desenvolver mais medicamentos inovadores, inclusive no desenvolvimento da vacina do Covid, para fazer face às novas estirpes do vírus, ou seja, corre-se o risco de levantar as patentes duma vacina,
que na altura que se levantarem já estão desatualizadas e já de nada servirão.

Sabemos, no entanto, que foram feitos alguns investimentos públicos no desenvolvimento das vacinas para a Covid, nomeadamente, que para a vacina na Pfizer foram investidos 13% de fundos públicos e para a da AstraZeneca, 20%, no entanto e em minha opinião, um sócio minoritário não pode exigir o levantamento das patentes, mas pode negociar o preço ou o tempo da sua entrega.

O Conselho da UE, reunido na Cimeira do Porto, tem razão em não tomar uma decisão no sentido de levantar as patentes das vacinas, sem ponderar todas as vantagens e inconvenientes, pois uma decisão dessas não se pode tomar levianamente.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva