Geral Opinião

O Irão e a Arábia Saudita na mira da diplomacia chinesa

RFI

A China conseguiu um feito extraordinário na sua política externa, conseguiu que o Irão e a Arábia saudita voltassem a estabelecer relações diplomáticas, algo que parecia improvável dadas as suas divergências religiosas, pois a Arábia Saudita é maioritariamente Sunita e o Irão Xiita, as duas grandes fações do Islão que se digladiam e se odeiam há anos e que desenvolveram ao longo dos séculos interpretações teológicas distintas, pois os diversos Imãs ao lOngo dos séculos as foram desenvolvendo, havendo inclusive vários cismas com origem nestes dois principais ramos. Grande parte das guerras civis e movimentos terroristas têm origem nesse conflito religioso.

Tendo estado no Iraque presenciei in loco esse desentendimento entre os Xiitas maioritariamente habitantes do Sul do país e os Sunitas do Norte, região onde Saddam era originário.

Com esta grande vitória diplomática tenho esperança que se resolva a guerra no Yemen, mantida indiretamente por estas duas grandes potências do Golfo Pérsico.

A China parece ter conseguido como contrapartida que os negócios de petróleo na região pudessem ser feitos em Yuans, a sua moeda, num claro desafio à Ordem Mundial estabelecida pós a ll Guerra Mundial em que nas conferências de Brenton Woods se estabeleceram os Bancos Mundiais e se edificou um novo sistema financeiro internacional, algo que a China ansiava há anos e que é um dos objetivos da Organização de Cangai, que congrega grande parte dos países da Ásia.

Os EUA tiveram uma grande derrota estratégica, malgrado os esforços de Blinken para a evitar junto da Arábia Saudita, pois não conseguiram, ao longo dos anos, isolar o Irão, um dos países do Eixo do Mal, tal como classificado no consulado de Bush filho.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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