Geral Opinião

O investimento acordado no G7 para contrariar o rider chinês, pode ser uma oportunidade para Portugal

Portugal tem de revalorizar e investir mais esforço, usando o seu “Soft Power“, pelo facto de pertencermos à UE, de sermos uma democracia liberal, consolidada, de sermos um mercado aberto, de termos “expertise” científica em doenças tropicais, de termos uma história e uma língua oficial comum, de termos algumas empresas de dimensão internacional, entre muitas outras, na Comunidade de Países de Língua Portuguesa, CPLP, para construir uma verdadeira Organização Multilateral, virada para o futuro e não ser uma organização do passado, que vive da nostalgia e da saudade de um império perdido.

Para que uma comunidade, ou uma organização multilateral funcione, e seja útil, é necessário que haja interesses comuns entre os Estados a que ela pertencem, para se estabelecerem laços duradoiros.

Infelizmente, no passado recente, fomos úteis a Angola para lavarmos e branquearmos capital, que sabíamos oriundo de corrupção, algo que está ainda a ter consequências reputacionais para Portugal muito negativas, bem como consequências políticas muito negativas, na nossa relação com o novo governo de Angola.

Agora que o G7 decidiu investir na construção de infraestruturas em África, para contrariar o poder chinês, Portugal pode ter uma oportunidade, pelo facto de pertencermos à UE, de poder ser um veículo privilegiado da União, que integra o G7, para os seus investimentos nos PALOP’s, assim haja vontade política e habilidade para o fazer, uma vez que a França tem também muitos interesses nessa região do mundo.

Portugal pode ser importante para a CPLP e para os PALOP’s, em particular, se conseguir cooperar usando as suas relações bilaterais privilegiadas, e num quadro multilateral, na União Africana, na UE e na ONU.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma