Geral Opinião

O equilíbrio de poderes

A era que estamos a viver atualmente assemelha-se ao período vivido na Europa no século XIX conhecido por equilíbrio de poderes.

Trump iniciou uma revolução nos EUA, e no Sistema Internacional, após a sua tomada de posse há cerca de um mês, e em termos internos e externos, estamos atualmente a viver, uma espécie de período revolucionário em curso, pois após a assumpção da administração de Trump ao poder, esta não efetuou uma transição normal de poder, que normalmente implica reformas estruturais, mas sim começou a efetuar uma rotura total com o passado, algo que é normalmente normal após uma revolução.

Com esta revolução, Trump assumiu-se como o líder da potência global ainda dominante, que quer continuar a ser, posição que a China e a Rússia querem disputar, em estreita ligação, através duma parceria estratégica, que estabeleceram há anos, mas que se tem vindo a aprofundar nos últimos três, em que está a decorrer a guerra na Ucrânia, para tentar mitigar as sanções ocidentais. Esta parceria estratégica pode ser conjuntural, pois ambas as potências que as compõem, têm ambições imperiais globais.

A recente aproximação de Trump a Putin tendo em vista resolver a guerra da Ucrânia, nem que para isso seja necessário sacrificá-la entregando-a de mão beijada à Rússia, pode ter como objetivo quebrar a parceria estratégica referida , para poder anular primeiro o poder global da China, e posteriormente anular o da Rússia, para dessa forma se manter como potência dominante, ou mesmo transformar-se na única super potência global, após bater os dois rivais por partes.

Com esta manobra e de caminho os EUA querem acabar com uma eventual ambição europeia, de assumir-se também como um ator global, ou seja, como mais uma grande potência, uma vez que a UE é um gigante económico, com algumas ambições a ser também um gigante político, que ainda só não é, porque tem o seu poder militar distribuído por todos os Estados membros que a compõem, que para se tornarem operacionais para trabalhar e combater em conjunto, necessitam de estruturas de comando operacionais.
Em suma, Trump tem o objetivo de manter a posição que os EUA ainda têm no mundo, como potência dominante, mas os outros atores também estão a jogar o mesmo jogo.

A este propósito Bismark ensinou-nos numa pequena frase em que consiste na  prática o equilíbrio de poderes, “ Se houver três ou mais potências , tenta ser uma de duas, se houver só duas potências tenta ser a única, se fores a única tenta manter esse lugar a todo o custo”.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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Acerca do autor

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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