Geral Opinião

O conto do vigário

A vida ensina-nos sempre, no decorrer do tempo que por cá passamos, a ter prudência e a não acreditar na boa-fé de todas as pessoas.

Ontem fui abordado em Mafra por um indivíduo que me tratou com intimidade, apresentando-se como filho do Vitor, de seu nome Pedro, emigrado na Suíça, que ia abrir uma casa de relógios suíços, no centro da vila de Mafra, na quarta-feira, pelo que gostaria muito de contar com a minha presença na inauguração.

Não conhecendo Vítor nenhum em Mafra, comecei a desconfiar da história, quando este sacando dum relógio negro numa caixa branca, começa por dizer que me vai oferecer o relógio, ao mesmo tempo que começa a falar das dificuldades financeiras que tem tido para se estabelecer em Portugal.

O conto do vigário estava a ser contado e, praticamente no final, só faltando o pedido duma pequena contribuição pecuniária, a título de ajuda amiga, que me estava prestes a pedir, para que me oferecesse o relógio.

Esta história, embora antiga, que começa sempre por uma suposta relação de amizade, dum alegado progenitor com um nome vulgar, com a pessoa em causa, seguido dum pedido de ajuda pecuniária, com uma suposta oferta de um bem, alegadamente valioso, mas cujo valor real não excede normalmente o valor facial de cinco euros, normalmente resulta pois as pessoas de boa fé, tendem a ajudar o filho do pretenso amigo e, acabam por entregar  uma quantidade  avultada de dinheiro, ao protagonista do conto do Vigário, muito superior ao da oferta que o indivíduo no final nos entrega.

Meu pai antes de falecer caiu num conto do vigário semelhante e, ficou muito consternado por ter sido enganado, eu desta vez não caí, mas fiquei triste, pois pelos vistos, já tenho aspeto de velhinho simpático, que se deixa ludibriar por caridade e amizade a um inexistente alegado progenitor do protagonista do conto do vigário,

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva