O banco de jardim tinha sido amordaçado e sentia-se com falta de ar ali apertado, por aquelas malditas fitas listadas de preto e amarelo. Quando o amordaçaram, disseram-lhe que ele não estava velho e que não tinha tinha magoado ninguém, apenas que era por uns tempos devido à pandemia.
Os dias eram longos sem a companhia dos humanos, solitários sem o sentar do velhote que descansava a meio do caminho, as duas amigas que se sentavam para comentar o fim de semana e já nem sabia as últimas da bola pois ninguém se sentava a ler o jornal desportivo.
Estava já moribundo, até sentia dores de caruncho quando uma bela manhã veio um humano que lhe retirou as fitas e lhe disse “estás livre”. Não queria acreditar e até chorou algumas lágrimas de verniz.
Esticou as tábuas e até se ouviram uns rangidos. Esperou ansiosamente para que que o primeiro humano sentasse o rabo nas suas tábuas e nem se importou que aquele incauto lhe pusesse o pé em cima para apertar o atacador do sapato.
“Só espero que estes humanos se portem bem para não me deixarem aqui sozinho outra vez”, desejou o banco de jardim.
Carlos Sousa/ KPhoto
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