Geral Opinião

O apoio incondicional alemão a Israel

Foto: REUTERS

Há uns anos numa visita oficial à Finlândia, no âmbito da União Europeia e no período duma das suas presidências rotativas do Conselho Europeu, à porta do museu militar do país, o grupo de militares de todos os países da União em que me integrava, ao ver um carro de combate da II Guerra Mundial, com a cruz suástica, todos quisemos tirar uma fotografia de grupo, que o oficial alemão não quis integrar, tendo mesmo desaparecido do local, enquanto estivemos junto da viatura, alegando não poder de qualquer forma estar uniformizado perto dessa viatura, pois não queria ter problemas internamente e de foro disciplinar, caso essa foto chegasse às mãos dos seus superiores, e ainda por cima no âmbito duma visita oficial.

Falando entre nós, ficámos cientes da razão de ser do seu comportamento, o que me levou a tecer algumas considerações que passo a explanar, e que fui confirmando nos dez anos que passei a trabalhar no desenvolvimento de capacidades Militares na UE.

Os alemães, desde o fim da guerra, mas sobretudo desde a sua reunificação, têm mantido uma postura em termos internacionais de grande potência em termos económicos, sendo mesmo nesta dimensão o motor de toda a União Europeia, mas por vontade própria não têm querido, sê-lo do ponto de vista da segurança e defesa, em minha opinião, resultado da catarse que internamente fizeram desde o final da Guerra, que levou a que, em termos educativos, tivessem dissecado e executado todo um programa educativo em que lhes foi incutido um sentimento de arrependimento e vergonha fruto das suas atitudes, e comportamento que provocaram a Grande Guerra, e o genocídio dos judeus.

Tudo o que analisaram e dissecaram para além de ter tido reflexos internamente também os tem tido no âmbito da sua política externa, onde não têm querido integrar, nem sequer forças internacionais no âmbito das Operações de Petersberg.

Neste âmbito não é de estranhar que neste conflito Israel-Hamas, se tenham posto incondicionalmente a favor de Israel e tenham coartado e mesmo impedido que haja liberdade de expressão, para quem se manifeste contra a posição de Israel, assim como não foi de estranhar a sua relutância inicial em apoiar à Ucrânia.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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