Geral Opinião

Marcelo e o rei vai nu, nas Forças Armadas

O país não investiu a sério aquando da transição do Serviço Militar obrigatório, para um serviço efetuado por voluntários e contratados a termo certo, pois nāo podemos falar de profissionalização, quando estes vão para a rua, obrigatoriamente, no fim do contrato.

As casernas dos quartéis, vulgo alojamentos, que já não tinham condições, embora algumas tenham sido melhoradas, continuam a não as ter com dignidade para instalar a tropa durante os anos do contrato, pois os quartéis continuam, a maior parte deles, a preservar relíquias históricas, mesmo os mais novos já terão cerca de sessenta anos e foram construídos para tropa conscrita.

O serviço militar com contratos a termo nāo é atrativo para a juventude, atualmente urbana, escolarizada, e com algumas aptidōes recnológicas, que só vai para a tropa se os quartéis forem ao pé de casa, ou de uma Universidade, onde aproveitam para estudar, dado que o salário nāo è atrativo, nem as condiçōes em que vāo viver sāo aceitáveis.

A maior parte dos jovens que ainda ingressam nas fileiras querem ir numa missão ao exterior, pela aventura, mas sobretudo pelo salário que vão auferir nesse período de seis medes, que lhes permitirá ter alguma independência financeira no final da missão.

Na maior parte das unidades deste país, que não costumam enquadrar missões para o exterior, o pessoal dedica-se a fazer guardas à unidade e a material obsoleto, e no verão a ser chamado como carne para canhão para os fogos que nāo sabem combater, nem verificar o seu rescaldo.

A instrução coletiva que se dava aquando do Serviço obrigatório não se dá, pois nāo há dinheiro para combustíveis, para os deslocamentos para o campo, nem há material, portanto nāo há motivação nenhuma, nem para quadros nem para praças.

Como o dinheiro para água, luz, gás, manutenção  e combustíveis é exíguo, os comandantes mandam a tropa para casa às quintas-feiras e só os querem de volta segunda depois de almoço, pois no mínimo poupam nos banhos.

Pelo retrato que tracei, por não nos termos preparado como nação para o serviço militar não conscrito, com material e instalações adequadas, e com tropa sem missão, a não ser fazer guardas, fomentadora de indisciplina, não me parece que precisemos de mais militares ao serviço, pois os que temos são mais que suficientes.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma