A democracia liberal, em termos políticos, assenta no princípio da separação de poderes, tal como teorizada por Montesquieu, que como Hobbes e Rousseau, foram os mais destacados pensadores do Estado que substituiu o Antigo Regime, que na sequência da Revolução Francesa se espalhou por todo o mundo.
Montesquieu, advogava que o poder legislativo, executivo e judicial tinham que ser independentes, pelo que quando vejo regimes que se dizem democráticos, querer interferir no poder judicial, como recentemente se viu no Brasil, e atualmente em Israel, fico preocupado com o caminho que as democracias liberais estão trilhando a caminho de se tornarem em iliberais ou até mesmo em regimes autocráticos.
O primeiro-ministro de Israel, aliou-se aos partidos ultraconservadores judaicos e está a querer interferir na independência do poder judicial, tendo em vista manter-se no poder, apesar de estar em vias de ser julgado pelos tribunais israelitas, por alegados crimes que cometeu no seu longuíssimo percurso político, que em nada contribuiu para a paz entre judeus e palestinianos.
Recordo-me que quando visitei Israel, Rabin tinha acabado de ser assassinado e com ele tem vindo a ser enterrada a sua ideia de paz, de democracia liberal, que lhes dava alguma superioridade moral em relação às autocracias árabes, que os israelitas tanto se orgulhavam.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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