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Fundação Calouste Gulbenkian enviou-me o seu Relatório de Contas de 2022

Recebi o relatório de contas da Gulbenkian, mas não um desmentido às minhas angústias.

Recebi da Fundação Calouste Gulbenkian, uma brochura com o seu relatório de contas do ano de 2022, para desmentir a minha crónica, que publiquei com o título “Gulbenkian, crónica de uma morte anunciada”, pretendendo dessa forma mostrar a vitalidade da Instituição, que ainda marca e marcou a cultura portuguesa desde a sua criação, desempenhando na realidade o papel, do sempre parente pobre de todos os governos, antes e pós-25 de Abril, o Ministério da Cultura.

A minha crónica versava sobre o ultimamente menos bom desempenho da Fundação, precisamente no domínio da cultura e mesmo da ciência, desde o fim da melhor Companhia de Bailado Nacional que lhes pertencia, e que se tem vindo paulatinamente a deteriorar, com menos exposições internacionais de artistas plásticos de vulto, com a dificuldade em reabrirem o novo museu de arte moderna, já anunciado algumas vezes, e com o temor manifestado por alguns músicos, relativamente à possibilidade da Fundação ir encerrar a orquestra, malgrado recentemente tenham contratado um novo maestro.

Não é com alegria que escrevi essa crónica, até porque muito devo à Gulbenkian, por durante a minha juventude em Loulé, me ter aberto as portas da mente e da alma à cultura e ao mundo, na única biblioteca da então vila, local onde passava as tardes a trabalhar e a conviver, pois esse local mágico era a minha internet na altura, e por ter sido ouvindo as digressões ao algarve, do coro, orquestra de câmara, e de várias das suas partições em quartetos e outras, que me tornei um amante da música erudita.

Espero sinceramente estar enganado quanto à “morte anunciada” da instituição, e que a aposta que fizeram na energia verde, se torne tão ou mais rentável do que era a baseada no petróleo, e aproveito para saudar o facto de terem trazido da coleção Frick, o quadro pintado por Velásquez no século XVIII de Filipe lV de Espanha e III de Portugal, pintado aquando duma ingressão militar à Catalunha, à qual devemos a nossa independência, pois o rei para manter a Catalunha dividiu as suas forças aliviando a pressão sobre Portugal, na sua longa guerra após 1640 que manteve com Espanha para readquirir o controlo total de reino.

Por último fiquei muito surpreendido pela Fundação ter lido a minha crónica, publicada neste grande jornal regional que é o Jornal da Ericeira.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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Acerca do autor

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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