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Fui picada/o por um peixe-aranha, o que faço?

Com as idas à praia e os banhos de mar, podem acontecer as picadas de peixe-aranha, espécie comum na costa portuguesa. A picada de peixe aranha deve ser tratada imediatamente para que, apesar das dores, não traga mais problemas graves. Descubra o que fazer nesta situação.

Os peixes-aranha escondem-se na areia e, por isso, não é fácil vê-los quando vai para o mar. Além disso, nem sempre a água está transparente e nas zonas onde há pé, onde quase sempre acontecem as picadas, a rebentação levanta a areia dificultando ainda mais a visibilidade do fundo. 

Uma solução para evitar a picada do peixe-aranha é utilizar sapatos próprios para andar na água, com solas de plástico, que se vendem em lojas de desporto ou grandes superfícies comerciais.

Esteja sempre atento às informações que constem nas entradas das praias ou dos nadadores salvadores, uma vez que costuma existir indicação do risco de picada de peixe-aranha. Assim, poderá tomar as precauções necessárias.

O que se sente quando se é picado por um peixe-aranha

Quando é picado pelo peixe-aranha pode, inicialmente, pensar que pisou uma rocha ou uma concha pontiaguda. Há inicialmente uma dor suave, mas que evolui quase imediatamente para uma dor intensa, difícil de suportar, com alterações da pele envolvente, que fica vermelha e inchada.

O que fazer?

Mantenha a calma e peça ajuda aos familiares ou amigos que o acompanham e ao nadador-salvador para seguir estes passos:

  • Logo que possível coloque a zona da picada na areia quente;
     
  • Coloque a área da picada em imersão em água quente, durante cerca de 30 minutos. Idealmente, a temperatura da água deve estar acima dos 40ºC, porque o veneno degrada-se com o calor. No entanto, cuidado com a água a altas temperaturas para não provocar uma queimadura. Este procedimento só terá efeito se for realizado nos primeiros 30 minutos depois da picada. Se não tiver possibilidade de usar água quente, tente aproximar outra fonte de calor à zona picada, por exemplo um cigarro aceso, com cuidado e sem tocar diretamente na lesão;
     
  • Pode, ainda, ser feita terapêutica oral para alívio da dor com analgésicos ou anti-inflamatórios como paracetamol ou ibuprofeno, respetivamente;
     
  • Verifique se algum espinho do peixe-aranha se partiu e ficou na pele. Se assim for, será necessário removê-lo. Os espinhos visíveis devem ser retirados sem utilizar as mãos diretamente, por exemplo com uma pinça;
     
  • Desinfete o local da picada, como faz com outra ferida vulgar;
     
  • Se depois destes passos não sentir alívio da dor, deve procurar ajuda médica.

A anestesia local, por exemplo em forma de sprays que frequentemente estão disponíveis, não deve ser usada. Está contraindicada porque no início a dor alivia devido à vasoconstrição, mas não impede que o veneno do peixe-aranha continue a circular na corrente sanguínea.

O que nunca deve fazer quando se é picado por um peixe-aranha?

  • Colocar gelo na zona picada;
  • Tocar com as mãos nos espinhos diretamente sobre a lesão;
  • Cobrir a ferida da picada;
  • Urinar sobre a lesão.

Como evolui a dor

A dor da picada do peixe-aranha pode durar entre 2 horas e 24 horas, sendo que a maioria das pessoas picadas por peixes-aranha não precisa de ser observada por um médico.

Se tiver algum dos sintomas a seguir indicados precisará de cuidados médicos, pelo que deve recorrer a um serviço de atendimento urgente:

  • Hipersensibilidade ao veneno, com inchaço e dor exuberantes;
  • Dor intensa e permanente, após tratamento com imersão em água quente e medicação oral;
  • Febre persistente após as primeiras 24 horas;
  • Enjoos, vómitos, tonturas ou dores de cabeça;
  • Hipersudorese (suor excessivo);
  • Contratura muscular na zona da picada;
  • Incapacidade em remover espinho visível na pele;
  • Picada no rosto ou zona genital.

ATENÇÃO: Devem ser ativados imediatamente os serviços médicos de emergência, através do número de telefone 112, quando uma pessoa picada por um peixe-aranha tiver sinais de falta de ar, perda de consciência, convulsões, rash cutâneo intenso (manchas vermelhas na pele), edema (inchaço) com alteração da voz ou dor no peito.

Fonte: Dr. Liliana Beirão – Médica no Hospital da Luz