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Dia Mundial sem Tabaco

Hoje, dia 31 de Maio, celebra-se o Dia Mundial sem Tabaco. Segundo a OMS, o consumo de tabaco, na Europa, é responsável por um milhão e 200 mil mortes anuais, número que tende a ascender aos dois milhões. Em Portugal, o consumo de tabaco atinge cerca de 20 a 26% da população, com predomínio de três homens e meio para cada mulher.

O tabagismo causa um grande prejuízo à saúde pública, já que é responsável pela diminuição da qualidade e duração de vida. Tem ainda a agravante de ser um fator de risco não apenas para o fumador, mas para todos aqueles que se encontram frequentemente expostos ao fumo passivo.

As substâncias tóxicas de um cigarro

Um cigarro contém cerca de 4.000 substâncias com efeitos tóxicos e irritantes, 70 das quais mencionadas como cancerígenos.

Alguns exemplos:

  • Nicotina, responsável pela redução da irrigação sanguínea nos tecidos e no sistema nervoso central;
  • Acetona: um solvente inflamável utilizado no removedor de verniz de unhas.
  • Arsénico: um veneno para formigas.
  • Benzeno: amplamente utilizado na indústria química e que também se encontra nas emissões de veículos e vapores da gasolina.
  • Formaldeído: utilizado para destruir germes e preservar tecidos e amostras de laboratório. É também utilizado durante o fabrico de materiais de construção (tais como madeira), colas, tecidos, tintas, fertilizantes, pesticidas e outras substâncias.
  • Substâncias radioactivas (como Polónio 210 e Carbono 14);
  • Metais pesados (como o chumbo e o cádmio) que se concentram no fígado, rins e pulmões;
  • Monóxido de carbono que assume o lugar do oxigénio conduzindo à intoxicação do organismo;
  • Alcatrão (altamente cancerígeno).

O tabaco é responsável por:

  • 25 a 30% da totalidade dos cancros — incluindo cancro do aparelho respiratório superior (lábio, língua, boca, faringe e laringe);
  • 80% dos casos de doença pulmonar crónica obstrutiva;
  • 75 a 80% dos casos de bronquite crónica;
  • 90% dos casos de cancro do pulmão;
  • 20% da mortalidade por doença coronária.

As doenças cardiovasculares são 2 a 4 vezes mais frequentes nos fumadores.

Deixar de fumar é, pois a medida preventiva mais eficaz para diminuir os riscos de enfarte do miocárdio, angina de peito, doença arterial periférica e acidente vascular cerebral.

Efeitos no corpo

Pulmões e células: Quando o fumo do tabaco é inalado, o alcatrão pode formar uma camada pegajosa no interior dos pulmões. Isto danifica os pulmões e pode levar a cancro do pulmão, enfisema, ou outros problemas pulmonares. Os cigarros e outros produtos com tabaco podem produzir quantidades diferentes de alcatrão, dependendo da forma como são fabricados.

Está exposto a compostos químicos como o benzeno e o formaldeído, que têm estado ligados a um aumento no risco de vários tipos de cancro, tais como a leucemia e cancro dos seios perinasais, cavidade nasal e nasofaringe.

Pele: O tabaco provoca alterações na quantidade e qualidade do colagénio e da elastina.

A circulação é afetada porque o oxigénio não é bombeado através dos vasos sanguíneos tão facilmente como num não fumador, o que resulta em pele sem vida e baça

Dentes: O alcatrão é uma substância pegajosa de cor castanha que mancha os dentes dos fumadores.

As glândulas salivares dos fumadores sofrem mais facilmente inflamações, o que reduz a produção de saliva. Assim sendo, o cigarro torna a boca mais seca e o ambiente oral mais propício para o desenvolvimento de cáries.

Alguns dos efeitos associados ao tabaco nos dentes e tecidos de apoio são: halitose, doença periodontal, perda de dentes e manchas.

Cabelo: Os compostos químicos do tabaco podem impactar negativamente a circulação sanguínea. Uma circulação sanguínea insuficiente ao nível do escalpe pode levar a perda de cabelo.

O que ganha se parar de fumar

Após 20 minutos: A pressão arterial e o ritmo da pulsação voltam ao normal.

Após 8 horas: Os níveis de nicotina e monóxido de carbono no sangue diminuem em 50% e o oxigénio sobe para valores normais.

Após 48 horas: A tensão arterial é estabilizada e o paladar melhora.

Após 72 horas: Os brônquios descontraem-se, a respiração solta-se e a pele torna-se mais luminosa.

Após 2-12 semanas: A circulação melhora significativamente e caminhar torna-se menos cansativo

Após 6-9 meses: Sente um aumento gradual do bem-estar geral, acompanhado de mais vitalidade.

Após 5 anos: O risco de cancro da boca e do esófago reduz-se para metade.

Após 10 anos: Corre 50 % menos risco de ter um cancro do pulmão do que um fumador.

Após 15 anos: O risco de doença cardiovascular é semelhante ao de uma pessoa não fumadora, do seu sexo e idade.

Consumo de tabaco e cigarros eletrónicos nos jovens é preocupante, diz pneumologista

Numa entrevista à Agência Lusa, Sofia Ravara, da Comissão de Trabalho de Tabagismo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, alertou que a tendência do consumo de tabaco e cigarros electrónicos nos jovens é preocupante em Portugal e resulta do marketing “extremamente agressivo e eficaz, e “muito apelativo para os jovens e para as crianças”.

As embalagens dos líquidos e os sabores dos cigarros electrónicos parecem quase embalagens de guloseimas. As próprias cores, os sabores de chocolate, mas também de menta, de morango são altamente apelativas para os jovens”, criticou. A SPP alerta ainda que “há influencers ou bloggers pagos para publicitar os cigarros electrónicos e tabaco aquecido”.

Nós não estamos a conseguir travar o consumo dos cigarros electrónicos nos jovens, que já se aproximam muito do consumo dos cigarros tradicionais no grupo etário dos 13 aos 18 anos”, lamentou.

Questionada sobre as razões de os jovens continuarem a fumar quando há tanta informação sobre os malefícios do tabaco, Sofia Ravara afirmou que “educar não basta, é preciso regular as actividades de “marketing” da indústria e restringir as oportunidades para fumar nos locais públicos, incluindo à saída das escolas e discotecas”.

A indústria interfere com as políticas de saúde pública e aproveita-se da vulnerabilidade da personalidade imatura dos adolescentes e da sua atração por comportamentos de risco.