Geral Opinião

Conselho das Relações Exteriores da UE respondeu timidamente à invasão russa da Ucrânia

Josep Borrel, o equivalente ao Ministro dos Assuntos Exteriores da UE, em conferência de imprensa no final do Conselho de Relações Exteriores da União, foi duro com as palavras, condenando, e em minha opinião bem, a invasão da Rússia e à Ucrânia.

Infelizmente, o discurso narrativo e agressivo de Borrel, não corresponde às decisões tomadas na reunião do Conselho das Relações Exteriores a que presidiu, que única e exclusivamente só aprovou um documento apelidado de “Bússola Estratégica” para a União Europeia, uma visão estratégica a que há um receio atávico de lhe chamar conceito estratégico, mesmo no atual contexto de guerra, pois parece continuar a haver, ainda, um preconceito em apelidar o documento pelo nome que deve ter, com receio de politicamente se assumir que a União Europeia é um verdadeiro ator internacional em todas as dimensões, incluindo a defesa.

A outra medida adotada no conselho foi a de aprovar a constituição duma Força de Reação Imediata para a UE, de cerca de 5000 homens, ou seja, o equivalente aos dois “Battle Groups”, unidades que já existem há vários anos à disposição da UE, com uma prontidão de 7 dias, sendo que um deles está sempre pronto a atuar e o outro em reserva.

De referir ainda, que até à data os “Battle Groups” nunca foram usados, assim como nunca foi usada a Força de Reação Imediata da NATO, nem agora no decorrer da invasão ucraniana.

Todos os Estados-membros podem oferecer voluntariamente as suas forças para constituírem os dois BG’s, ora existentes, devendo sempre um dos Estados-membros, constituir-se como enquadrador.

Enfim, tudo como dantes, quartel-general em Abrantes, embora com uma narrativa discursiva mais agressiva.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva