Opinião

As “liturgias” Republicanas

Assistimos na terça-feira, durante todo o dia, e em pleno estado de exceção, curiosamente decretado pelo Professor Marcelo Rebelo de Sousa no final do primeiro mandato, a uma cerimónia de “entronização” do mesmo Professor como se fosse um novo Presidente.

Não tenho nada a obstaculizar a este tipo de “liturgias”, a estas cerimónias de Estado que, fazem parte de regulamentos, protocolos e honras do mesmo, num período de normalidade, ou seja, num período sem pandemia, muito embora pense que, no caso duma reeleição presidencial, uma renovação contratual, estas se pudessem abreviar um pouco, pois partes do
cerimonial parecem ridículos, de que é exemplo a entrada triunfal com todo o seu séquito da casa militar a pé, num palácio que já ocupa há anos.

Na cerimónia de “entronização”, e especialmente em todo o folclore subsequente, com exceção do uso de máscaras obrigatórias, todas as determinações constantes no estado de exceção, foram esquecidos, pois o mesmo Presidente que decretou esse mesmo estado fez dele tábua rasa.

Saudades do Presidente contido e responsável que vimos na cerimónia do último 10 de Junho que, inclusive, e em minha opinião bem, dispensou a cerimónias militares por estas poderem ser focos infeciosos.

O Presidente quis ainda, extra protocolo reunir-se, em minha opinião escusadamente, no Porto com 18 líderes religiosos de todas as confissões mais importantes no país, num gesto bonito noutra altura, mas desnecessário pois em Portugal, ao contrário doutras latitudes, não
há nem se sentem tensões de vulto entre todas elas que coexistem duma forma pacífica, bem como, e também escusadamente, foi ao encontro duma manifestação de trabalhadores da “Ground Force” que desconheço as razões porque não estão em ” lay off”, e se estão porque razão querem ser diferentes dos outros trabalhadores do país nas mesmas circunstâncias, bem como se esta estava legalizada e autorizada, porque se estivesse o não deveria estar.

Idiossincrasias dum Presidente magnânimo, com pedantismo de suserano.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva