Opinião

As crises, as mudanças e o sucesso

Normalmente todas as pessoas gostam de rotinas de hábitos e de ficar na sua zona de conforto, gostando pouco de mudar, acomodando-se.

Esta atitude de aversão à mudança foi explicada cientificamente por António Damásio, ilustre neurocirurgião português, que por não se ter acomodado, partiu para os EUA onde tem trabalhado e visto o seu trabalho reconhecido a nível global.

António Damásio explicou que, os neurónios do cérebro perante uma rotina agregam-se, acomodam-se e apreciam-na, perdendo algumas das suas capacidades de estabelecer outras sinapses.

Estas ligações que se estabelecem automaticamente entre neurónios, solicitam ao corpo que este, a título de exemplo, se deite à mesma hora, se levante à mesma hora, acorde a meio da noite à mesma hora, coma excessivamente ou não às horas determinadas, mesmo que não haja necessidade de o fazer, ou seja, o cérebro fica pré-programado para executar as rotinas que estabelecemos e nelas descansa.

Qual de nós não regressou de férias mais cansado a desejar voltar às rotinas para nela descansar?

Perante uma crise, qualquer que ela seja, a necessidade obriga-nos a sair, muitas vezes das rotinas, obrigando-nos a reprogramar a nossa vida, a sair da zona de conforto, e na maioria das vezes a ter sucesso, facto que obriga o cérebro a fazer novas sinapses e também ele a reprogramar-se, o que lhe é benéfico e saudável.

O medo de sair da rotina, perante uma crise poderá ser fundamental, para tomarmos uma decisão que adiamos somente por comodidade, pondo a título de exemplo, fim a uma relação de trabalho mórbida, a relações familiares e conjugais sem significado e que se mantinham porque nos eram somente cómodas, sempre resignados e querendo-se convencer, que para pior já basta assim!

Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva