Opinião

André Ventura em entrevista ao Observador

Estive com atenção à entrevista de André Ventura ao Observador, um jornal diário que, não é conotado com a esquerda, antes pelo contrário é um jornal de direita, razão pela qual escolhi esta entrevista para comentar, pois o André Ventura e seus apoiantes, gostam de se fazer de vítimas, dos jornalistas esquerdistas que, segundo eles têm um complexo de esquerda, incapazes de, por essa razão, serem objetivos e neutros.

A entrevista foi de uma vacuidade de conteúdo extraordinário, repetindo uma cassete que o tem caracterizado, populista, xenófobo, afirmando-se anti – sistema e anti político, pelo que só vou comentar o início da mesma, que para mim constituiu uma novidade hipócrita no discurso, por introduzir a religião e invocando Deus em proveito da sua candidatura e da política que defende.

No início da entrevista Ventura afirma ser, sem pudor e sem vergonha, o escolhido por Deus para transformar Portugal, o eleito, só faltou dizer que era o Messias.
O entrevistado nesse registo, afirma ainda que o partido que fundou é atualmente o terceiro partido de Portugal porque Deus assim quis.

Ventura afirma-se como Cristão, eleito por Deus, o ungido, esquece-se de que não se deve invocar o Santo nome de Deus em vão, bem como se esquece que Cristo definiu dois planos distintos, o teológico e o político, quando diz em resposta a uma cilada ” a César o que é de César, a Deus o que é de Deus”.

Parece um evangélico alucinado, a exemplo de Trump e Bolsonaro, querendo conseguir votos confundindo religião com política, algo que nem os fariseus no tempo de Cristo ousaram.

Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva