Geral Opinião

Algumas notas acerca da Arábia Saudita e sobre a contratação do Ronaldo e companhia

Foto: Al-Nassr

À família Ben Saud, foram entregues os destinos do território sob administração britânica, desde a queda do Império Otomano, no final da Grande Guerra, que atualmente se designa por Arábia Saudita.

Sir Lawrence Olivier teve um papel de relevo durante a Grande Guerra, nomeadamente na sublevação das tribos árabes, contra os Otomanos, facto que muito ajudou ao desenlace da Guerra, bem como posteriormente na Conferência do Cairo, onde os territórios sob administração britânica foram entregues aos novos “Marajás”, designados pelos britânicos, para os administrarem em seu nome, territórios esses que posteriormente se foram tornando, paulatinamente, independentes da Coroa Britânica.

A Arábia Saudita é um território rico em hidrocarbonetos, facto que desde a sua fundação, lhe tem dado grande poder e riqueza, que tem sabiamente sabido investir externa e ora internamente no desenvolvimento do seu território, tendo em vista prepará-lo para a mudança de paradigma energético que se espera que aconteça até 2050.

A contratação de Ronaldo insere-se nesta estratégia de promoção do país, que está a desenvolver uma nova cidade do século XXI com arranha-céus gigantescos, sem carros, com transportes públicos de alta velocidade subterrâneos, completamente linear, numa região até hoje deserta, mas na qual estão a ser construídas barragens e “resorts” de luxo, junto do Mar Vermelho.

Malgrado o que afirmei, o regime é autocrático, é maioritariamente Sunita, extremamente fundamentalista, onde a Sharia é lei, e como grande potência regional que é, exerce o seu poder despótico na vizinhança, sendo o grande patrocinador, ainda que indiretamente, da Al Qaeda e mesmo do Estado Islâmico.

A sua disputa com o Irão Xiita, a outra potência regional, tem sido geradora de conflitos diretos e indiretos de que a interminável guerra no massacrado Iémen é um exemplo lamentável.

Estou expetante para ver como o país mais fundamentalista e religioso do Médio Oriente, vai conseguir abrir-se ao turismo e ao investimento ocidental, ou seja, como vai fazer essa quadratura do círculo, com a ajuda do Ronaldo e da Georgina, os idiotas úteis,  e mesmo assim baratos, desta estratégia.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma