Opinião

A solidão num casal

O filósofo Brasileiro Karmal publicou um novo e interessante livro sobre a solidão, onde um dos capítulos mais importantes é o da solidão em casal.

No novo livro de Karmal, o autor parte da Bíblia, nomeadamente da passagem de Adão e Eva, quando Deus olhando para Adão, viu que ele estava só e deu-lhe como companhia Eva, para que este deixasse de estar em solidão, para a partir desse episódio, analisar o fenómeno da solidão em casal.

Karmal recorda posteriormente Schopenhauer, grande filósofo de origem Germânica, que aborda a solidão através do paradoxo dos ouriços caixeiros, referindo que estes animais quando têm frio se juntam para se aquecerem e, porque ao juntarem-se se picam mutuamente, são obrigados a separarem-se.

Num casal, ambos os elementos do mesmo, ou só um deles, paradoxalmente podem-se sentir sós, pois ao longo dos anos a relação pode-se ter degradado, pode-se ter deteriorado, picando-se mutuamente quando estão juntos, como o casal de ouriços caixeiros.

A degradação da relação dos casais pode ter várias e distintas razões, que podem passar por, ambos terem passado a ter distintos objetivos de vida, por se terem cansado um do outro, por traição dum dos elementos, enfim por uma multiplicidade de distintas e válidas razões, tanto fazendo continuarem ou não juntos, pois normalmente, nesses casos, deixa de haver tema de conversa e o silêncio passa a ser ensurdecedor, facto que se torna o sinal mais visível da solidão a dois. Não se deve, nessas alturas ter medo da ficar só porque de só, se já não passa, sendo necessário tomar uma decisão, sabendo que toda a decisão implica uma perda, qualquer que ela seja.

Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva

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