Geral Opinião

A seca severa e o advento de condomínios e campos de golfe no Alentejo

A seca no Algarve e Alentejo parece ser preocupante, as barragens estão a ficar em níveis extremamente baixos, e o grande aquífero subterrâneo algarvio parece estar a cerca de 20%.

Algumas medidas de restrição de regas estão a ser tomadas, havendo no Algarve já proibições de regar algumas culturas intensivas de citrinos.

Há algumas décadas faziam-se procissões no Baixo Alentejo, para que chovesse, pois as secas na região de Almodôvar, não são só de agora.

O problema da seca no sul do país está identificado há vários anos, e as soluções tardam em chegar, paradoxalmente, o Algarve é atualmente o maior destino de golfe europeu, e um novo destino com vários novos campos de golfe, foi  recentemente aprovado na Costa Alentejana, transformando-a por completo desde Melides até Sines, num enorme condomínio de luxo.

Atendendo a que os campos de golfe são grandes consumidores permanentes de recursos hídricos, parece-me urgente que estes novos condomínios de luxo, sejam obrigados a ter centrais de dessalinização para a sua rega, sob risco de deixar de haver água para a agricultura e para a pecuária, bem como para consumo humano, pois sabemos que o aproveitamento das águas residuais, que está planeado para o efeito nestes novos condomínios, não vai ser suficiente, pois a população neles residente permanentemente vai ser muito reduzida, pelo que não haverão grandes quantidades de águas residuais para tratar e reaproveitar.

O processo de dessalinização consome muita energia, algo de que dispomos em excesso no período diurno, e que não é gasta devido às energias renováveis de que dispomos.

Espanha já dispõem atualmente de 8 mega centrais de dessalinização a funcionar permanentemente, enquanto que nós só temos uma, muito pequena, em Porto Santo.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva