Opinião

A reunião extraordinária do Conselho de Estado na Cidadela

Uma das regras elementares de segurança em todo o mundo, e que as famílias reais, como a do Reino Unido bem conhecem, é a de não viajarem todos juntos no mesmo avião, pois em caso de acidente, a sucessão continuará a ficar garantida.

Em caso de Pandemia, em que há um perigo real de contágio, e em que a idade média dos políticos e ex-políticos, presentes no Conselho de Estado, ronda os 70 anos, não me parece avisado fazê-la, até porque não era essencial, não era necessário responder a uma crise política grave, tendo sido marcada só sob pretexto de ouvir a Presidente da Comissão Europeia.

Reunir o Conselho de Estado, com a presença de todos os ex-presidentes da República e com a presença de toda a eventual cadeia de sucessão do Presidente da República prevista na Constituição, parece-me um manifesto desprezo pela segurança.

Juntar os Presidentes da República e da AR, desnecessariamente, no mesmo espaço é uma manifesta falta de segurança, pois em caso de impossibilidade do primeiro, cabe ao segundo substituí-lo.

Não obstante, esse erro, juntar ainda à equação o Primeiro-ministro e outras entidades, na mesma sala, ainda que de grandes dimensões, é brincar com o fogo, ainda agravado por ter também sido convidada a Presidente da Comissão Europeia.

Como era expectável, um elemento do Conselho de Estado estava infetado e esperemos que deste erro, daqui a catorze dias, a reunião não tenha deflagrado um surto de Covid com repercussões nacionais e internacionais.

Estranho ainda que os participantes na reunião não tenham ficado confinados e estejam todos alegremente a comemorar a República.
Por menos que isto o PR fez um primeiro confinamento voluntário em Cascais, no início da Pandemia.

Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria

Tags