Opinião

A ineficácia do novo centro de saúde de Mafra

O governo de Portugal afirma estar preocupado com o Serviço Nacional de Saúde, tendo esse mote sido inclusive o mote único  do Sr. Primeiro ministro na sua mensagem de natal.

Para evitar a ida aos hospitais o governo aposta na rede de cuidados primários, ou seja nos Centros de Saúde, propondo mesmo  no orçamento para o ano de 2020, que  os utentes que a eles recorram deixem de pagar as habituais  taxas moderadoras pelo serviço. Concordamos em absoluto com essa política pública, no entanto os Centros de Saúde têm que ser dotados de recursos materiais e humanos para poder responder cabalmente a esse desiderato.

Embuídos de boa vontade, de não entupir os hospitais, nesta quadra natalícia, deslocámo-nos ao Centro de Saúde de Mafra Norte, em virtude de um membro da família ter caído nas escadas na nossa habitação, convencidos que estávamos que o recém inaugurado e airoso Centro teria Capacidade de efetuar uma radiografia para se poder diagnosticar a existência de algum osso partido como consequência da queda.

Como nos enganámos: ainda estávamos a retirar uma senha para aguardar a nossa vez, quando fomos abordados pelo segurança que nos informou que Malgrado o Centro de Saúde estar equipado com RX não possuía ainda nenhum técnico capaz de o operar, pelo que nos teríamos de deslocar ao Hospital de Torres Vedras onde o seu prognóstico de espera para sermos atendidos era de cerca de sete horas, ou ao hospital Beatriz Angelo em Loures em que a espera provavelmente era só de cerca de três horas.

Evidentemente optámos pelo Hospital Beatriz Angelo onde fomos atendidos por um ortopedista que muito conversador nos foi referindo que o Hospital embora recente já não tinha capacidades, quer em termos de instalações, quer em termos de pessoal, para fazer face à população da região em que está inserido, em virtude da  população ter crescido exponencialmente, obrigando os profissionais a trabalhar até à exaustão.

Caso o Centro de Saúde de Mafra Norte tivesse meios de diagnóstico e pessoal habilitado, não teríamos tido a necessidade de ter recorrido a um Hospital. Sem meios de diagnóstico e sem pessoal o Centro de Saúde de Mafra Norte não passa de um edifício bonito, mas sem grande utilidade para a crescente população que tem vindo a procurar esta região para aqui habitar ou somente a visitar.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva