Mesmo as conceções mais liberais do Estado, este na sua essência, nunca coloca em questão que as missões de soberania são, pela sua essência, as únicas que são e devem continuar a ser, monopólio exclusivo do estado, ou seja, a segurança interna e externa, a Diplomacia e a Administração da Justiça, são as únicas funções que não podem, nem devem, nunca ser privatizadas.
Pelo exposto constato que Portugal, vai abdicando, paulatinamente de exercer a sua soberania, ao reduzir draconianamente os orçamentos para a sua segurança, quer externa, quer interna. Relativamente à segurança externa este assunto, infelizmente, não é novidade, sendo-o relativamente à segurança interna, conforme foi noticiado esta semana pela comunicação social, referindo-se aos cortes efetuados na GNR e na PSP.
Recordo nesta crónica, uma máxima importante da estratégia que, afirma que esta é inimiga do vazio, ou seja, se o Estado não zelar pelas funções que são da sua responsabilidade exclusiva, alguém tomará, necessariamente, o seu lugar.
A ausência do estado Moçambicano em Cabo Delgado consubstancia na prática o que acabo de afirmar, podendo-se, infelizmente, vir a passar o mesmo em Portugal, dado que metade do país é paupérrimo e está desertificado, e as estruturas do Estado vão paulatinamente desaparecendo, por asfixia financeira, ou seja, na prática no terreno a quadrícula não está ocupada.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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