Opinião

A Equitação, uma aposta do Plano do Município de Mafra pós-pandemia

Sendo um apaixonado da equitação e dos cavalos desde tenra idade, embora não tenha sido um cavaleiro exímio, pois virtuosos, como em todos os desportos e em todas as artes, como é o caso da equitação, há muito poucos, pois para além da técnica e do trabalho é necessário conhecimentos aprofundados da anatomia dos cavalos, ter sentimento, ter tato equestre,
ter conhecimentos da psicologia animal, ter humildade para analisar o que correu mal por sua culpa e permanentemente o corrigir, e acima de tudo, discernimento e bom-senso, para poder compor e reinterpretar a arte equestre, à semelhança da música, da literatura, das artes plásticas, e de todas as outras artes, em que os que da lei da morte se libertaram, são muito poucos.

Mafra tem sido o berço e o local de acolhimento de algumas lendas vivas da equitação mundial, de que destaco o Brigadeiro Henrique Calado da Escola de Mafra, nos obstáculos e, o Mestre Nuno de Oliveira, na equitação clássica, considerado em todo o mundo equestre, como o equitador do Século XX.

Para além destes dois génios, Mafra tem uma tradição equestre que se inicia no século XVIII, por ter sido aqui, à sombra do palácio, que se iniciou a criação e seleção cavalar no país, e por ter sido aqui que, no Século XX, se localizou a primeira Escola de Equitação, único local de formação certificada de monitores, instrutores e mestres de equitação em Portugal, durante praticamente todo o século XX.

Por tudo o que referi, é com enorme satisfação que constatei que, no novo Plano Municipal, para utilizar parte das verbas provenientes de Bruxelas para recuperar Portugal pós- pandemia, se encontra expressamente referido a pretensão de se construírem no Concelho de Mafra, novos e modernos equipamentos com capacidade para catapultarem Mafra, como
um local de excelência equestre a nível internacional, quer para a realização de concursos internacionais nas várias modalidades equestres desportivas, quer como centro de treino e estágios.

A construção destas novas infraestruturas deverão, em minha opinião, ser concretizadas num novo espaço deste concelho, pois uma infraestrutura destas exige que, à semelhança de Vilamoura, no Algarve, haja na região uma grande disponibilidade e capacidade hoteleira, que Mafra não possui, bem como um local amplo, e não protegido, como a Tapada de Mafra, para o concretizar.

Vilamoura pode e deve ser um exemplo a seguir neste domínio.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva