Opinião

A Equitação Portuguesa é candidata a Património Imaterial da Humanidade

A equitação portuguesa, em termos exclusivamente nacionais, foi a semana passada considerada património imaterial, ou seja, foi dado o primeiro passo, essencial, para se conseguir iniciar o processo de reconhecimento da UNESCO, para que possa vir a ser considerada património imaterial da humanidade.

Este primeiro passo foi dado pela empresa público-privada, Parques da Lua, que gere a nossa Escola Portuguesa de Arte Equestre, pela Associação Portuguesa do Cavalo Puro Sangue Lusitano e pela Câmara da Golegã, capital do cavalo Puro Sangue Lusitano.

Penso que o passo que foi dado é importante, no entanto um longo trabalho burocrático e moroso vai agora ser iniciado junto da UNESCO, no sentido do seu reconhecimento internacional, embora pense que poderá não ser difícil, pelo facto de possuímos uma verdadeira e genuína cultura equestre, de que destaco uma doutrina reconhecida e escrita por Manuel Carlos de Andrade, no livro “A luz da liberal e nobre arte da equitação portuguesa“, para além de termos um dos primeiros livros equestres escritos na Idade Média pelo Rei Dom Duarte, “A arte de bem cavalgar em toda a sela“.

Para além da doutrina, elemento essencial para o reconhecimento da singularidade e excelência da nossa equitação e cultura equestre, tivemos no Século XX aquele que foi considerado o cavaleiro do século, o Mestre Nuno de Oliveira, que do Concelho de Mafra onde residia e trabalhava, transportou a equitação portuguesa a um patamar de excelência e reconhecimento internacional, tendo-nos deixado um extraordinário legado escrito e pessoal na transmissão dos seus extraordinários conhecimentos técnicos e filosóficos aos seus alunos, que tudo têm feito para preservar a memória do Mestre, de que realço pela amizade que lhe tenho, o Tenente Coronel Mendoça Frazão, o mestre dos meus filhos.

Com este legado, juntamente com o reconhecimento internacional do cavalo Puro Sangue Lusitano, que em termos de ensino se tem começado a afirmar internacionalmente, com a Escola Portuguesa de Arte Equestre, sedeada em Belém como “ex libris” da equitação portuguesa, sem esquecer a nossa tradicional e característica equitação de toureio e os
nossos extraordinários campinos, não tenho dúvidas que almejaremos o reconhecimento que merecemos.

Espero que Mafra e o seu município também se associem a esta candidatura, por ser um município com tradição equestre, tendo aqui sido sedeada a primeira coudelaria nacional, junto do Palácio, que é a pérola do barroco português, tal como a nossa equitação e cultura equestre, e por ter sido daqui que o Mestre Nuno de Oliveira divulgou mundialmente o nosso cavalo e a nossa equitação.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva